quarta-feira, 17 de agosto de 2016

História da distinção entre gêneros na moda

Desde pequeno eu sempre me perguntei por que existem roupas exclusivas para mulheres. Nem ouso dizer que existem roupas exclusivas para homens pois até a cueca já tem versão feminina, então roupa de homem na pratica é roupa unissex e de mulher é exclusiva de mulher.

Tá, mas por que isso?

Fui atrás de informação nos livros de história da moda e acabei descobrindo que tenho que me aliar ao movimento feminista! Entenda mais a seguir.


A história do vestuário tem início nos primeiros usos de materiais para cobrir o corpo. Na imagem anterior, podemos observar que até o período da Grécia antiga o visual do homem e da mulher são muito parecidos em todos os aspectos, são basicamente tecidos cobrindo e protegendo o corpo.

Num momento seguinte, podemos notar uma certa diferenciação no visual de ambos os sexos. No entanto, se excluirmos as diferenças nas silhuetas, tanto os tecidos quanto a decoração dos vestuários são os mesmos tanto para homens quanto para mulheres.

A moda, como tendência de consumo, nasceu nas cortes europeias em meados do século XV e era usada como ferramenta para representar o status. Do seu nascimento até a Revolução Francesa, os nobres e burgueses se enfeitavam numa exaltação de riqueza e de luxúria procurando dar enfatização puramente social a suas roupas. Não é a toa que o salto alto foi popularizado nessa época entre os homens, assim como grandes perucas e outros acessórios.

O único aspecto que tinha diferenciado sexualmente o vestuário era o fato de os homens poderem mostrar a forma das pernas enquanto as mulheres cobriam as pernas com vestidos longos, mas o motivo era mais para facilitar a locomoção deles. Acredito que foi a época mais feliz para quem tinha tendências crossdressers (e fosse rico ou nobre)!!

Com a Revolução Francesa aquela imagem dos nobres da corte que não produzem nada e ficam se emperequetando com a suas grandes perucas, tecidos coloridos e saltos passou a ser muito mal vista pela sociedade, neste momento a moda virou sua atenção totalmente para o trabalhador, simplificou as peças de roupa e se difundiu rápido por todas as classes, apesar da ornamentação que continuava a distinguir a burguesia. Pode-se dizer que nesse estava nascendo a moda masculina que chamamos de contemporânea.

Já achamos alguns culpados, os nobres da monarquia absolutista fizeram com que algumas peças de roupas fossem mal vistas em homens até hoje. Falta falar sobre o feminismo.

O século XIX caracterizou-se pelo conservadorismo no vestuário masculino e a resistência à mudanças. Esta ação foi mantida por sucessivas campanhas contra o excesso na roupa de homem e o modelo masculino começou a ser formatado pelos alfaiates, revistas masculinas e livros de etiqueta, fazendo surgir o conceito de gentleman. Ao mesmo tempo, todas as tendências contrárias a esta corrente eram ridicularizadas.

Caricatura de um Macacori, um estilo nobre que tenta manter o status
 mas que foi ridicularizado durante século XIX
É nesta altura que se torna evidente o propósito da roupa masculina como um traje muito mais confortável e de fácil movimentação. Durante esse período também surge a imagem de que o homem deve trabalhar fora de casa, viajar e sustentar a mulher e a família. Assim, para o homem o ornamento tinha sido posto de lado em prol da carreira e era necessário ter uma imagem masculinizada forte, já a mulher era a vitrine da sua prosperidade.

Chegamos ao século XX e a Grande Guerra Mundial foi a causadora da nova reviravolta. Enquanto os homens estavam se matando, as mulheres tiveram de assumir o controle da maioria das funções sociais que antes estavam exclusivamente nas mãos de homens. A partir dos anos 20, começam a surgir as primeiras calças para mulher. Nos anos 30, o vestuário profissional feminino surgiu profundamente inspirado no masculino. Isso impulsionou o desenvolvimento de roupas femininas, possibilitando uma nova gama de peças e acessórios.

Após o período de guerras, as mulheres perceberam que poderiam fazer tudo que os homens faziam, tanto que na hora que apertou elas foram colocadas para trabalhar e mostraram resultado! Então o movimento feminista começa a dar os seus paços em meados dos anos 60.

Nesse post eu não vou me aprofundar muito no movimento feminista, mas gostaria de lembrar que ele tem como objetivo conquistar o acesso a direitos iguais entre homens e mulheres!! Elas conquistaram o "direito" de usar peças masculinas quando entraram no mundo que era exclusivo masculino.

Para mim, está claro que hoje não existe mais mundo exclusivo masculino ou exclusivo feminino então busco o direito de usar a roupa que eu bem entender, ou mesmo ser quem eu bem entender. No fim das contas, concluí que eu também busco direitos iguais entre todos e aderir ao movimento feminista me parece ser algo bem sensato. Em outros posts eu devo falar mais sobre isso
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