Pois é, no século 13 surgiram os primeiros "bobos da corte" no Japão para entreter aos daymio (senhores feudais) com suas danças, mas a receptividade foi tão boa que eles prosperaram e chegaram a virar grandes artistas, conselheiros do daymio e até guerreiros.
Eitaro Matsunoya em apresentação |
Inicialmente as gueixas do sexo masculino eram conhecidas como Houkan (nome formal para bobo da corte) ou Taikomicho (Tocador de tambor) e foram muito populares no período feudal, onde sua principal função era entreter o daimyo. Apesar do nome, nem todos tocavam tambor japonês (taiko), mas assim mesmo o nome acabou se popularizando dessa forma.
As apresentações dos Taikomochi eram focadas principalmente na dança e, com o passar do tempo, eles passaram a divertir os senhores feudais através de outras maneiras como participações em cerimônias do chá, como conselheiros ou como contadores de histórias engraçadas. Na verdade os Taikomochi tinham mil e uma utilidades no feudo. Se o senhor feudal queria se divertir, ele chamava o Taikomochi. Se necessitava de alguém para lutar no campo de batalha, ele chamava o Taikomochi. Precisava-se de entretenimento, conselhos de amor ou de guerra, ele chamava o Taikomochi.
Taikomochi Sakuragawa Shichiko e Akasaka Geisha (foto de 2009) Sakuragawa é um dos últimos Taikomochis remanescentes do Japão |
Com as moças assumindo o campo do entretenimento (e ganhando um espaço que nunca tiveram) o papel dos homens foi ajustado para somente auxiliá-las nas festas. Chegando no começo do século 20, as gueixas femininas perderam seu espaço para as Jokyu (garotas do café) com a ocidentalização e isso, em conjunto com a chegada da Segunda Guerra Mundial, causou o declínio dos Taikomochi. Embora ainda existam pequenas comunidades de gueixas em Kyoto e Tóquio, hoje existem apenas cinco Taikomochi no Japão.
Cartaz de 1861 com os atores Sawamura Tanosuke III como a Geisha Ofuji e Nakamura Shikan IV como o Taikomochi Jakuhachi |
Na década de 1980, a última casa de gueixas de Tóquio tinha fechado suas portas durante a era da bolha imobiliária do Japão. A mãe de Eitaro, uma gueixa hábil e carismática, dedicou sua vida a reviver a cultura gueixa local até sua morte, devido ao câncer.
Eitaro sempre foi um dançarino hábil, ele começou a aprender papéis tradicionais de dança feminina com oito anos de idade e aos onze se apresentou pela primeira vez no teatro nacional do Japão. Após a morte de sua mãe, ele assumiu o papel dela como mestre de casa de gueixa e, com sua irmã Maika, supervisiona um grupo de outras seis artistas. Sua missão é popularizar novamente a cultura das gueixas!
Por ter assumido o papel da mãe, atualmente ele é o único homem que atua no papel feminino das gueixas nas apresentações. Confira algumas fotos do Eitaro Matsunoya durante a sua preparação e apresentação a seguir: