A diversão começou quando a Melaine chegou montadíssima com a sua Kombi na minha casa para irmos juntas ao Aeroporto Afonso Pena onde receberíamos a Izabelly, a Flávia e a Priscila de SP. Chegamos um pouco apreensivas e ficamos aguardando o desembarque das menina, entretanto bastou elas saírem pelas portas de vidro e nos cumprimentar que acabou qualquer tensão de estar montada em público. Esse é o poder de estar em GRUPO!!
Nosso passeio no sábado incluiu um almoço no Mercado Municipal de Curitiba, uma voltinha no Jardim Botânico, jantar e confraternização no Café do Teatro e baladinha na Verdant (essa eu não participei). No domingo a Vivian também entrou no grupo e fomos visitar o Museu Oscar Niemeyer, posamos para a foto na Universidade Livre do Meio Ambiente, desfilamos e almoçamos no Park Shopping Barigui e, antes do embarque delas, ainda deu tempo de subir na Torre Panorâmica para apreciar a vista da cidade e tirar mais algumas fotinhas!
Eu poderia escrever linhas e linhas sobre cada parada nossa, porém quero falar para vocês da sensação de segurança que eu senti ao lado das amigas nesses locais públicos. Até uns 3 anos atrás eu era crossdresser exclusivamente dentro de casa e, tirando a esposa, ninguém mais sabia sobre isso. Nessa época eu morria de vontade de dar mais liberdade para o meu lado feminino, mas o medo sempre falou mais alto.
Perdi as contas de quantas vezes eu me montei completamente e travei na frente da porta de casa com medo de sair. Nem sei dizer ao certo qual era o meu medo. Medo de ser julgada, medo do que iriam pensar de mim, medo de achar que estava fazendo algo errado, enfim, eu morria de medo do lado de fora e sempre acabava frustrada por me bloquear antes de botar o pé pra fora de casa.
Aos poucos eu fui perdendo esse medo e fui me desbravando. Na primeira vez eu consegui me convencer de ir numa lojinha perto de casa para ver roupa, saí e deu tudo certo. Depois decidi dar uma volta no shopping, então fui de carro, me montei dentro dele no estacionamento e quando percebi estava desfilando dentro do shopping, também tudo certo. Chegou a vez do meu primeiro encontro em grupo, falei sobre ele nesse post.
Com o tempo fui percebendo que eu sempre tive essa liberdade e que eu mesma era a principal responsável por me bloquear, não os outros. Os outros não estão nem aí pra mim. Os outros tem a vida deles e os problemas deles para cuidar. Os outros podem até não gostar de me ver com um vestido, mas é cada um no seu quadrado e a vida segue. Assim caiu a minha ficha.
Esse processo foi muito difícil, demorou vários anos para eu me sentir confortável e eu não desejo isso para ninguém. Então como posso ajudar minhas amigas a enfrentar esse desafio? Sugiro que se reúnam em grupos! Muitos desses lugares que comentei que visitamos eu jamais me imaginaria passeando tranquilamente de Samy. Eu ainda teria medo de ir apenas com a esposa, por exemplo, só que, dessa vez, o poder do grupo me fez sair de dentro da Komboza sem pensar duas vezes em cada ponto que paramos.
Estar em grupo é uma ótima maneira de acelerar o nosso próprio desenvolvimento. Percebi isso tanto na minha convivência em grupo quanto nos relatos dessas amigas de SP que estão fazendo um trabalho ímpar organizando pequenas confraternizações e ajudando a criar grupos em algumas cidades. Por elas, soube de uma reunião com 74 meninas em SP e outra com 450 nos EUA!!
Eu amei as oportunidades que tive nesse final de semana e sei que o grupo me ajudou demais. A seguir apresento algumas fotos nossas para vocês morrerem de inveja, num ótimo sentido (aheuaheauh), e se incentivarem a quebrar barreiras para desfrutar a delícia que é a liberdade.
(o meu é o scarpin amarelo)
nos sentimos umas estrelas ★★★