Traduzido de Miles Robbins (Huffpost)
Foi muito estranho ver o comentário que minha mãe fez sobre eu usar vestidos com minha banda e aparecer em todos os tipos de publicações da Internet em todo o país (acompanhado de fotos minhas e dela que eu nem sabia que existiam). Eu não sei por que alguém iria se importar com a minha declaração, já que eles estavam prontos para sensacionalizar meu uso de vestido com base em uma única frase, mas caso isso se torne ainda mais sensacionalista, eu gostaria apenas de colocar isso pra fora: É realmente estranho um cara usar vestido?
Miles Robbins e sua mãe, Susan Sarandon |
Então, diversas pessoas, especialmente músicos, fizeram isso
várias vezes antes de mim. Eu uso vestidos no palco e eventualmente em eventos
porque eu não gosto de gravatas. Eu uso vestidos para amparar a minha
feminilidade (adjetivo), não para reatribuir o meu gênero ao feminino
(substantivo). Acho um absurdo pensar que há uma rigidez na identidade de
homens e de mulheres cisgêneros e heterossexuais – que um homem usar um vestido
ou uma mulher usar calças deve significar que eles são LGBTQ. Claro, não
pretendo pisar nos calos da comunidade trans, porque acho que eles são
incrivelmente corajosos, e não consigo imaginar o quão difícil é "nascer no
corpo errado" – especialmente na brutal e implacável era do bullying
cibernético. Eu gostaria que gênero não tivesse que ser identificado em
documentos públicos como carteiras de motorista, passaportes e tal... essa é apenas uma das pressões que a sociedade exerce sobre as pessoas trans. Fiquei muito
incomodado quando um ex-colega de trabalho me encaminhou um desses artigos, porque
não mereço uma discussão sobre minha identidade de gênero. Eu não tenho
problemas com a minha identidade de gênero. Me sinto mais homem do que mulher.
E eu sou principalmente heterossexual (e branco para completar!).
Pow Pow Family Band |
Dito isto, não é possível distinguir entre os adjetivos de "feminino" e "masculino" e os substantivos "feminino" e "masculino"? Não é razoável que uma mulher adote a masculinidade (como atletas do sexo feminino) ou que os homens adotem a feminilidade (como designers de joias masculinos)? Não me identifico como LGBT, mas não acho que estou nem perto de ser o cara mais tradicionalmente hétero da cidade. Não gosto muito de ver futebol, gosto muito de pequenos animais, cozinho e cozinho muito, escuto Joanna Newsom, sei costurar, já assisti ao reality show Daisy of Love umas seis vezes ao todo, e surpreendo meus amigos com o quanto que eu gosto de hóquei. Quanto à sexualidade, nunca fiz sexo com um homem, mas já beijei alguns. Eu realmente acho que as mulheres são mais excitantes para as minhas... partes. Mas eu desenvolvi uma paixão séria pelo agente especial Dale Cooper (enquanto assistia Twin Peaks na cama com minha namorada). Eu acho que o ponto é, não, eu não sou LGBTQ, mas eu me identifico com o conceito de se permitir se interessar pelas coisas que você está interessado, apesar do que a influência externa do mundo ao seu redor o encoraja a buscar. Se você nasceu em uma família de caçadores e quer fazer músicas sobre My Little Pony: A Amizade É Mágica, então você deveria fazer isso. Se você nasceu em uma comunidade hippie e quer ser um lutador do UFC... vá em frente!
Miles Robbins, autor do texto |