quarta-feira, 12 de abril de 2023

Quando o crossdressing abala o relacionamento

Traduzido de Good Therapy

Há muito tempo, meu vizinho solteiro (e bem mais velho do que eu) me confidenciou que um dos seus maiores prazeres na vida era puramente “indumentário”. Não familiarizada com o termo, corri para o meu dicionário e aprendi que significa “relativo a roupas, especialmente masculinas”. Mas esse distinto professor universitário não era muito elegante – suas roupas pareciam comuns, simples e masculinas.

À medida que nos tornamos amigos cada vez mais próximos, ele me confessou que seus interesses de indumentária eram relacionados às roupas femininas e que ele usava lingerie feminina sob seus ternos de tweed há muitos anos. Ele lamentou ter perdido sua última namorada anos antes, quando “o fascínio pelas calcinhas dela martelou em sua cabeça de cetim”. O que oferecia uma excitação sexual para ele era um desestímulo para ela.

Ele queria minha ajuda para comprar vestidos, mas eu usava camisas de trabalho e macacão – estávamos no início dos anos 1970 e ninguém me condenava por me vestir como um trabalhador rural! Como eu não podia oferecer assistência para compras, passei um tempo com ele e o ouvi.

Henry estava sozinho e se sentia profundamente isolado. Ele sentia que não se entrosava com homens gays. “Eles pensariam que sou um homossexual enrustido evitando meu desejo por outro homem”, ele dizia. Ele ainda achava que as pessoas transgênero também o desprezavam: “Eles acham que eu não tenho coragem de agir de acordo com meus desejos trans”. Detalhe, Henry sentia atração sexual por mulheres.

Desde então, aprendi muito mais sobre o crossdressing, um tipo de compulsão ou necessidade que algumas pessoas, principalmente os homens, têm de se vestir como outro gênero, também conhecido como “travestismo”. Aparentemente, a namorada de Henry lidava bem com isso até que ele começou a invadir a gaveta de roupas íntimas dela.

A maioria dos crossdressers masculinos que conheci desde então são heterossexuais, casados e são os últimos caras que você imaginaria se vestindo como uma garota. Muitos escolhem profissões tipicamente masculinas para ajudar a esconder ou mitigar o lado feminino de si mesmos – empregos como bombeiro, mecânico de automóveis ou encanador. Um crossdresser masculino pode obter excitação sexual se vestindo como uma mulher, mas ainda pode manter uma consciência heterossexual quando estiver pelo mundo.

Não sei o que aconteceu com Henry. Eu sei que ele ansiava por uma parceira que o entendesse. Ele esperava especialmente que um dia se casasse com uma mulher que pudesse aceitá-lo com todas as suas peculiaridades e tendências. Naquela época, não acredito que houvesse tanto suporte disponível quanto agora.

Os caras que leem isso enquanto usam roupas com babados podem estar preocupados em serem pegos. Esse medo é compartilhado por muitos crossdressers. Você pode querer procurar a edição mais recente do livro The Tranny Guide (O Guia Travesti, sem versão em português),  às vezes referido como “a bíblia travesti” – um livro cheio de sugestões úteis e bem-humoradas. O riso pode realmente ajudar! Outro livro que muitas pessoas acharam útil é The Man in the Red Velvet Dress (O Homem de Vestido de Veludo Vermelho, sem versão em português).

A terapia não vai acabar com seu desejo de se travestir, mas pode ajudá-lo a encontrar a paz consigo mesmo, especialmente se seus relacionamentos íntimos estiverem sendo afetados negativamente.

Então, e se você for uma esposa ou namorada que acabou descobrindo os interesses de indumentáriado seu namorado? Eu recomendo um período de reflexão de 90 dias antes de tomar qualquer medida drástica. Converse com ele sobre o que ele faz e por quê. Leia qualquer coisa escrita por Frances Fairfax, especialmente A Wives’ Bill of Rights (Uma Declaração de Direitos das Esposas, sem versão em português). Dê uma olhada no site da The Society for the Second Self ou “Tri-Ess”, uma organização nacional para crossdressers, suas esposas e suas famílias. Essas pessoas fazem de tudo, desde acampamentos a grupos de discussão e passeios de ônibus, e podem ajudá-lo a encontrar um grupo de apoio local.

Uma esposa me disse anos atrás que teria sido mais fácil aceitar o marido se ele anunciasse que era gay. Ela sentiu medo de perder "a parte masculina dele – a parte sexual". Isso não aconteceu. Com o tempo, ela aceitou: “Há coisas piores que ele poderia estar fazendo, e descobri que ele é o mesmo cara por quem me apaixonei antes dele lançar a roupa de Little Bo Peep (A Pequena Pastorinha) para o Halloween. Nem sempre tolero suas declarações de moda, mas também não preciso me divorciar dele."

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5 comentários:

Anônimo disse...

Eu, como a imensa maioria dos crossdressers, sou assim desde que me conheço por gente, e, como a maioria também escondi e tentei rejeitar isso durante anos e anos. Durante meio primeiro namoro, minha então namorada pediu para eu usar uma calcinha dela, e para fazer o famoso fio terra.
Naquele momento eu me fiz de durão, mas por dentro estava radiante de felicidade, achando quentinha encontrado a mulher perfeita, que me aceitaria. E assim foi durante um tempinho,mas , após a gravidez dela, tudo mudou, e ela dizia ter nojo de me imaginar de calcinha, de saia,ou qlqr outra vestimenta feminina, e até por vezes usou esse meu segredo como chantagem. Nós separamos faz alguns anos, e ela ainda sente que me tem na mão devido ao segredo, pois meus familiares não sabem de nada, e como são muito homofóbicos, prefiro que nunca saibam. Eu sempre dou conselhos a amigas que faço que pensam em se abrir para as esposas...cuidem, pois tem muitas que não vão aceitar, e seu casamento corre grande risco. Mas também acho que não e justo vc esconder algo assim tão importante para vc, da pessoa que vc escolheu para passar a vida juntos. No meu novo casamento, já falei tudo que sou e tudo que amo fazer na fase do namoro, e por sorte, destino, oi não sei explicar, ela ama o meu crossdressing, tenho mais que uma esposa, uma parceira, amiga.

Anônimo disse...

No meu caso foi bem parecido, eu confessei o crossdresser a minha atual esposa no início do namoro. E ela aceitou bem durante alguns anos, enquanto namorávamos e morávamos separados era mais complicado, limitando-se a montagens em motéis durante o sexo. Mas depois do casamento e mudança para cidade muito longe da família, ela disse que eu poderia aproveitar melhor esse meu lado. Então foram dois anos que vivi um sonho. Tínhamos uma rotina juntas, depilação na cera a cada duas semanas, e unhas todo fim de semana. Literalmente foram dois anos com os pés feitos e mais com unhas compridas, e pintadas quando podia. Em casa eu não vestia roupas de mulher sempre. Mas quando me dava vontade eu as colocava e não gerava estranheza a ela. As vezes era só uma calcinha, as vezes completo.
Mas enfim, depois da gravidez ela não aceita mais. E parece que esqueceu tudo vivido para trás.
Deve ser algum mecanismos de proteção. Sei lá.

Anônimo disse...

Eu amo me montar todos os dias quando minha esposa sai para o trabalho. Eu também trabalho, mas em casa, e como não ligo a câmera nas reuniões, não tem problema. Assim que ela sai, eu tomo banho e já passo aquele batom vermelho escuro (que estou usando agora). Em seguida já coloco aquela calcinha fio, sutien, um vestido tubo que tenho bem colado e extremamente curto (faço tucking pra ficar parecenço uma ppk), coloco minha sandálida salto alto da Visano e esmalte. Passo uma camada de vermelho e outra de base com bilho dourado por cima. Fica lindo demais. Amo me sentir uma mulher bem gostosa e desejada. Amanhã vou comprar um colar e peruca, pois essa semana ainda, vou num bar bem cedinho perto de casa (que não tem camera) e beber alguma coisa. Quando eu saio do carro e piso no chão, me dá um tesão absurdo, pois estou montada a plena luz do dia onde todos podem me ver, é demais a sensação. Quando entro no bar, os homens me comem com os olhos, de cima a baixo. Enfim, é obvio que minha esposa não sabe, caso contrário, já era relacionamento. Vamos manter assim por enquanto...rs

Anônimo disse...

Vi Oliver, tudo bem?
Chamo-me Camilla, sou cd.
Estou a procura de amizades, infelizmente só consigo achar pessoas e grupos com conotação sexual.
Você poderia me ajudar a encontrar algum grupo em Campinas-SP que seja de cd?
camillafrancoramos@gmail.com

tammilee.tillison@gmail.com disse...

Cross que me leem: Desistam de desistir, garotas. A natureza Cross é tão forte que vc não consegue eliminar, fica adormecida dentro de você mas a vontade ressurge cada vez mais sólida