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quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Sou uma mulher trans, mas atuo melhor como homem

F1nn5ter

Traduzido de Prism & Pen

Escrever isso me deixa triste, mas é verdade

Estou aproveitando o feriado e ainda tenho muito o que fazer. Há muito o que consertar na minha casa (construção e manutenção), que tem sido negligenciado por mim nas últimas semanas. Estou almejando uma promoção no trabalho, e acho que provavelmente eu vou conseguir. Seria um trampolim para um nível totalmente novo na minha carreira.

Converso com as pessoas ao telefone quando algo não está dando certo; Eu resolvo os problemas e a minha voz chama a atenção. Tenho certeza de que isso é assim porque sei como um homem dessa idade e posição na vida deve falar e se comportar. Eu sei como conseguir algo que eu quero. Eu sei que tenho que me esforçar. Não é algo que vem naturalmente. Mas eu dominei esse papel tão bem que estou comprando-o novamente nos últimos dias. E estou pensando se não seria mais sensato continuar sendo “aquele homem” afinal.

O pensamento é basicamente insano, no fundo eu sei disso, mas agora, enquanto escrevo estas linhas, mais uma vez não quero admitir.

Simplesmente funciona melhor assim para mim. Carrego coisas que só posso carregar por causa da minha força muscular. Eu falo como um homem, me movo como um e quando eu arrumo as minhas costas e fico completamente ereto, não tenho apenas 1,90m de altura, mas sou uma pessoa a quem as outras pessoas automaticamente respeitam.

Nos últimos dias eu estive meditando sem parar.

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

5 perguntas totalmente normais que pessoas trans e não-binárias podem ter medo de fazer

Traduzido de Everyday Feminism

Um dos meus conceitos favoritos que aprendi como ativista é a ideia de “espaço seguro”.

Para detalhar um pouco mais, “espaço seguro” significa abrir espaço para que certas experiências, sentimentos ou perspectivas sejam reconhecidas e afirmadas que, de outra forma, podem ser deixadas de lado ou invalidadas.

O espaço seguro pode ser poderoso. Acredito muito em dar às pessoas o espaço para se abrir – e, ao fazê-lo, construir uma maior compreensão de sua origem. Uma pequena afirmação pode ajudar muito a fazer alguém se sentir completo.

E uma coisa que notei como uma pessoa transgênero é que as pessoas têm aberto muito pouco espaço para nós.

A sociedade em geral tem uma ideia muito particular do que é a experiência transgênero – e isso não nos dá espaço para ter conversas honestas e reais sobre o que estamos passando, especialmente quando nossa história contradiz essa narrativa.

Isso nos leva a lutar internamente com algumas grandes questões que temos medo de perguntar – porque, ao fazê-las, tememos que isso prejudique nossa identidade ou leve outros a questionar nossa autenticidade.

Então, hoje, quero abrir um espaço seguro para os sentimentos complicados que às vezes surgem quando nos aceitamos como transgêneros.

Porque o que nos dizem é que nascemos com uma compreensão cristalina do nosso gênero, embarcamos na transição médica binária e alcançamos a felicidade e a certeza definitivas. Certo? Mas o que sei por experiência própria é que, para muitos de nós, é muito mais complexo do que isso.

Então, vamos falar – e quero dizer, falar de verdade – sobre algumas das perguntas que muitas pessoas transgênero estão se fazendo, mas que podem ter medo de perguntar. E juntos, vamos abrir espaço para todos os sentimentos complicados que surgem à medida que os exploramos.

1. Sou realmente transgênero? E se eu estiver inventando isso?

Confissão: Eu me pergunto muito isso.

“Espere, Sam”, você pode estar se questionando. “Você escreve publicamente sobre sua identidade! Você é ativo na comunidade! Você até está tomando hormônios! E você quer me dizer que não tem certeza se é transgenero?”

Sim, é exatamente isso que estou dizendo.

Na verdade, posso garantir por experiência própria que muitas, muitas pessoas transgênero lidam com essa questão – mesmo anos após a transição.

E eu tenho algumas teorias sobre o porquê, também – se isso ajuda.

Se alguém lhe dissesse a vida toda que você é um péssimo dançarino e de repente você recebesse um troféu de primeiro prêmio em uma competição de dança, você provavelmente se sentiria um impostor, certo? Da mesma forma, quando a sociedade nos diz que somos cisgêneros (e que ser cis é a única opção), pode levar anos e anos até que nos sintamos seguros em nossa vivência como trans.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

E se você não for realmente transgênero?

Bom dia a todos e feliz ano novo! Esse ano eu pretendo continuar trazendo mais textos toda quarta-feira para fazer vocês refletirem um pouco, além de dicas, fotos, HQs e qualquer assunto interessante relacionado à nossa vivência fora da norma. A começar por esse texto de um terapeuta americano trans e queer que trata da auto dúvida que temos a respeito da nossa própria identidade. Ele foca em vivências trans, mas o contexto vale igualmente para qualquer pessoa que foge da linha cis-hétero.

Traduzido de Terapeuta Trans

Como lidar com essa questão assustadora.

Eu me entendi como sendo uma pessoa transgênero quando estava com 26 anos. Comecei a fazer a terapia hormonal alguns meses depois e mudei legalmente meu nome alguns meses depois disso. Embora eu tivesse muitas pessoas que me apoiavam, ainda foi uma das coisas mais difíceis que eu fiz na minha vida. Eu não trocaria isso por nada e estou feliz por ter abraçado quem eu realmente sou.

Nos primeiros anos, fui atormentado por preocupações sobre a validade da minha identidade trans. E se eu não for realmente trans? Eu pensava comigo mesmo. E se eu estiver errado e acabar cometendo um erro terrível? E se eu tiver que desfazer a transição e me sentir insuportavelmente envergonhado?

A maioria das minhas preocupações se baseavam na minha ansiedade, o que significa que estavam focadas no futuro. Essas eram coisas que ainda não haviam acontecido e podem nem acontecer. Para mim, não aconteceu. Embora a destransição faça parte da jornada de algumas pessoas, a maioria das pessoas trans não passam por essa experiência. Infelizmente, as poucas pessoas que desfazem a transição acabam sendo usadas como evidência de que pessoas trans em geral não são reais, o que não só ataca pessoas trans, mas objetifica aqueles que vêm a perceber que não são trans (ou que prefeririam viver a vida como se forem cis, mesmo que não sejam).

Ainda tenho essas preocupações de vez em quando, embora não sejam tão comuns. Até o momento já se passaram cerca de cinco anos e essas preocupações diminuíram à medida que relaxei em minha identidade.