O texto a seguir é uma tradução do artigo do Joe Corr em que ele comenta como foi a experiência de sair pela primeira vez montado de drag e ser abordado sexualmente, isso o fez questionar sobre a imagem que ele passava de si mesmo ao se produzir.
Em diversos pontos do texto ele faz questionamentos sobre o Drag Queen que caberiam muito bem no crossdressing. Seria o crossdresing uma identidade sexual? Quando você se monta você se percebe como objeto de desejo? Já notou como a feminilidade costuma ser associada ao sensualismo? Confira isso e muito mais a seguir.
Traduzido de Joe Corr
Aos 17 anos, fui sexualmente abordado por um homem pela primeira vez na minha vida. Para complicar as coisas, foi no mesmo dia em que saí de casa pela primeira vez de Drag. Desde então, tenho lutado com os emaranhados confusos de gênero, sexo, fetichismo e vergonha que vêm de brinde por eu ser uma pessoa queer libertada e, ao mesmo tempo, um objeto de fetiche. Aqui, tento deixar de lado algumas dessas preocupações de uma vez por todas.
A Parada LGBT de Brighton de 2014 foi um dia de estreias para mim, marcando duas ocasiões históricas em minha própria linha do tempo. Foi nesse dia que saí de drag pela primeira vez. Depois de passar tanto tempo reunindo coragem para finalmente tomar a iniciativa, eu ainda me surpreendo com o conjunto que escolhi para minha primeira excursão. Minha referência drag é bagunçada, suja e áspera – estilo: Divine, Tranimals, Leigh Bowery e Christeene. Inspirando-me no lendário terrorista drag Fade-Dra Phey, eu montei um conjunto que poderia ser descrito como "Viagem ácida da dona de casa suburbana misturada com Leatherface de O Massacre da Serra Elétrica". Com pouca maquiagem, puxei uma meia-calça pela cabeça, com buracos feitos para revelar apenas um olho e meus lábios, que estavam manchados com sombra e batom em duas ou três pinceladas fortes. Usei a peruca loira mais horrível que encontrei (vestida de lado), um vestido floral de poliéster cortado curto e esfarrapado para que toda a minha bunda ficasse exposta e luvas de limpeza amarela com unhas de acrílico (para o toque necessário de glamour). Eu era uma visão, um terrível pesadelo de fluxo de consciência – e eu adorei. Mas a reação que obtive foi algo para o qual eu não estava preparado. Na verdade, fiquei tão impressionado com a quantidade de atenção (que variava de êxtase a irritação) que acabei pegando o ônibus para casa às 3 horas da tarde, com sapatos de salto alto nas mãos, soluçando baixinho por pura sobrecarga sensorial. Foi um exercício de construção de caráter, com certeza, mas que ajudou na minha formação.
Uma das inspirações do autor: Austin Young - The Tranimal Workshop |