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quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Construção social de gênero, como isso funciona?

Traduzido de Kaylin Hamilton, Ph.D

Aqui vamos desmascarar três equívocos comuns sobre a construção social, principalmente relacionada a gênero

Ultimamente temos visto um ressurgimento de visões biologicamente essencialistas – a ideia de que os humanos são redutíveis e determinados em grande parte por nossa biologia. Para aqueles com visões retrógradas sobre sexo e gênero, isso significa que muitos comportamentos e traços são determinados essencialmente pelo nosso sexo biológico e não, até certo ponto, por condicionamento social.

O essencialismo é a ideia de que todos os objetos, categorias, grupos, etc. têm uma realidade subjacente ou uma “verdadeira natureza”. O essencialismo de gênero é a ideia de que uma pessoa, homem ou mulher, possui traços inerentemente masculinos ou femininos que são fixos e imutáveis. O essencialismo é uma forma de reducionismo, também conhecido como reducionismo biológico, que postula que os humanos têm um grau limitado de ações em termos de serem determinados por sua biologia.

O oposto do essencialismo é o construcionismo social, uma perspectiva que:

“…afirma que os indivíduos e suas diferenças são criadas ou construídas por meio de processos sociais (por exemplo: políticos, religiosos e econômicos) em vez de uma qualidade inata dentro do indivíduo. Além disso, a categorização de indivíduos em grupos explica mais sobre como a sociedade funciona do que sobre os próprios indivíduos.”
(Open Education Sociology Dictionary - Dicionário Aberto de Sociologia da Educação)

Feministas e sociólogos têm trabalhado há muito tempo para entender como as visões sobre comportamentos supostamente inatos de gênero são o resultado da construção social – um conceito que é central para o pensamento sociológico, mas comumente mal compreendido na cultura popular. Mais recentemente, tornou-se comum que os essencialistas de gênero/sexo (autodescritos como “críticos de gênero”) deturpem a ideia de construcionismo social como uma forma de desacreditar as pessoas trans e argumentar contra nossa existência.

quarta-feira, 16 de março de 2022

O que você quer dizer com "sentir-se como uma mulher?"

Complementando o texto da semana passada, "Por que a maioria das mulheres não usa mais vestido?", a autora Anna escreveu uma continuação após ler um comentário interessante no post dela. A questão agora é "como é se sentir como uma mulher?". Eu já tentei escrever sobre "O que é ser mulher", mas sei bem que a temática é um tanto complexa. Tanto que eu mesmo não consigo me ver como uma mulher e, para mim, está tudo bem assim.


Traduzido de Anna

Por conta dos sistemas de controle social, às vezes sinto que fui roubada da vida que eu deveria viver.

Sendo um homem de 49 anos que sofre de disforia de gênero, sinto os efeitos dos sistemas de controle social mais do que qualquer típico homem cisgênero de 49 anos.

Ninguém quer acreditar que alguém está te manipulando diariamente. Todos nós queremos acreditar que chegamos onde estamos com muito trabalho e determinação. Mas, na maioria dos casos, o jogo é manipulado para que as pessoas “normais” obtenham sucesso.

Se você sofre de uma condição médica politizada, terá muitas portas fechadas na sua cara. Por meio de leis, vigilância médica, desinformação de conservadores, lavagem cerebral religiosa, menos oportunidades de emprego, estereótipos de gênero, feministas radicais, agressões a celebridades e algumas outras coisas que provavelmente estou esquecendo ou bloqueei da minha memória.

Eu realmente sinto que a disforia de gênero que experimentei desde os 4 anos de idade teria me colocado no caminho para me tornar uma mulher trans se não houvesse nenhum sistema de controle para redirecionar minha vida.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Aceitando o Paradoxo da Energia Masculina e Feminina

O texto a seguir é muito válido para as pessoas que não se sentem exatamente como transgênero, principalmente para quem se vê como não-binário ou apenas como crossdresser mesmo. Eu mesmo me encaixo nisso sempre me pego pensando bastante sobre o assunto pois não me sinto como uma mulher e não faço questão de ser visto como uma, inclusive não me sinto confortável quando outras pessoas forçam questões transgênero em mim.

Só um detalhe: como a autora é filósofa, o texto não trás respostas, mas os questionamentos dela com certeza nos faz refletir um pouco, e isso é ótimo!

Traduzido de Transphilosophr

Minha identidade não binária me levou ao caminho tortuoso do gênero

Eu me pego pensando muito sobre o equilíbrio das energias dentro de mim, principalmente aquelas que são constituídas pelo que poderia ser chamado de masculino e feminino.

Sendo uma pessoa não binária, o que significa encontrar equilíbrio dentro do binarismo de gênero?
Esse equilíbrio é realmente necessário?
Isso precisa ser equilibrado para ser visto de maneira bonita e fashion?
Não seria suficiente apenas existir ao longo do espectro, dentro do espaço multidimensional do gênero?
Posso colocar meu polegar na escala e ainda ser uma pessoa não binária?

Em um nível superficial, tem a questão da minha aparência. Ela é vagamente feminina, com cabelo comprido e expressão de gênero casualmente feminina. Mas também há uma aspereza em minha aparência, evidenciada na minha voz e nos traços faciais, bem como a lateral raspada do meu cabelo, que é um movimento deliberado para inspirar androginia, para enviar uma energia queer. Isso leva o observador a um estado de ambivalência que se inclina para o feminino. Esse estado costuma ser uma fonte de ansiedade para mim, embora, estranhamente, também seja o mais confortável. Essa é a vida não-binária.