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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Meninas respondem!! (11) com Abby Moreira

Tenho certeza que muitas pessoas devem ficar tentando imaginar como era a vida de uma mulher trans antes da sua transição. A entrevistada de hoje quebra diversos paradigmas e você vai entender o que eu quero dizer apenas olhando a foto do antes e depois dela. Respeito muito a querida Abby Moreira, confiram como foi a entrevista dela ♥

Como você se vê ou se descreve?
Sou uma pessoa que tenta entender sua própria natureza, sou espírita e acredito que estamos aqui para evoluir e fazer resgates então não me compete questionar o que sou, mas tentar me entender... Sim...

Quando e como você percebeu que o seu lado feminino era forte?
Veja bem, essa e uma pergunta que muitos fazem. Na verdade não teve um momento de aflorar o lado feminino por que nunca me vi como masculino. Tento me entender desde que tenho 4 anos de idade. Isso me gerou muita dor e desconforto na minha infância e adolescência.
Só vim encontrar um ponto de equilíbrio, melhor, uma zona de conforto quando me apaixonei para minha esposa. Mesmo sendo feliz, me realizando afetivamente, nunca me completei como pessoa e sempre buscava escondida me vestir com roupas femininas, sonhava em ser mulher, chorava escondida quando sentia repulsa pelo meu próprio corpo, mas suportava por que achava que meu sofrimento seria maior se eu saísse daquela zona de conforto.

Quanto você se considera feminina?
Não. Pra mim a expressão de gênero feminino ou masculino é uma construção psicológica e social. Mesmo me vendo como mulher, vivi nos padrões do gênero masculino e desenvolvi todos trejeitos referentes ao mesmo. Estou construindo uma nova expressão de gênero, buscando deixar não somente aflorar minha identidade de gênero verdadeira como me espelhar em outras mulheres. Não é fácil. É uma construção diária.

E o lado masculino, ainda sobrou um pouco dele?
Ele ainda esta aqui presente comigo sim. Nem sei se um dia ele será apenas uma lembrança. Eu gostaria de não tê-lo mais, mas aprendi a me aceitar como sou.

Como foi tomar a decisão de partir para a transição?
Não chamo de decisão, chamaria de necessidade. Foi uma necessidade tão grande que o preço a pagar tornou-se pequeno, mesmo sendo bem grande. Você se assumir transgênero numa sociedade totalmente machista e binária e um desafio diário.

Como foi a reação das pessoas ao seu redor?
Ainda esta rolando essa parte (risos), algumas pessoas se chocam, perdem sono segundo dizem, não entendem nada... só posso afirmar que as reações sempre são bem impactantes.

Você já foi foi concursado como homem na área de segurança pública e agora está para assumir outra função publica na mesma área como Abby, como está a expectativa em ser uma mulher trans na área de segurança pública?
Medo e receio, não vou negar. Como Homem CIS sempre fui respeitado e até temido, nunca tive problemas com o outro lado da moeda digamos assim, como mulher trans é uma incógnita como a sociedade vai me tratar. Temos uma delegada que se assumiu, não conheço outra mulher trans nessa área. Conheço alguns casos de homens trans como guardas municipais e policiais militares, mulher não. Pra mim, faz parte do empoderamento como mulher trans, pois se uma mulher CIS pode, uma mulher trans também pode. Mas depois de assumir essa nova função e colocar a farda prometo outra entrevista de como uma mulher trans e vista dentro do sistema e vê a segurança publica.

Tem alguma mulher que você admira e/ou se espelha?
Minha esposa, quando não quer me matar (risos)

Qual é a sua peça de roupa favorita e por quê?
Taí, não tenho.

Já realizou ou pensa em realizar modificações no corpo? Se sim, quais?
Sim. a cirurgia de redesignação sexual. É um sonho de uma vida poder finalmente me enxergar completa como sou. Isso é algo muito particular, muitas meninas não tem essa necessidade e nem por isso são menos mulher.

Gostaria de deixar um recado para as outras meninas?
Sejamos nós, sem rótulos. Vamos esquecer um pouco os padrões de beleza e estereótipos impostos pela sociedade. Vamos nos amar como somos e nos aceitar porque somente assim conseguiremos ser aceitas por quem nos rodeia. A palavra é EMPODERAMENTO.

Antes e depois da Abby Moreira

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Meninas respondem!! (10) com Giovanna Garbi

Minha convidada de hoje apareceu no CrossTop nº 9 e, dessa vez, veio expor um pouco sobre sua história e seus pensamentos. Giovanna Garbi é uma moça de atitude que corre atrás dos seus sonhos sem se preocupar com a opinião alheia ♥

Como você se vê ou como se descreve?
Bem, sou alguém que curtiu e aproveitou demais a vida masculina. Fiz muita coisa que sempre gostei sempre de maneira muito intensa. Mas o lado feminino também sempre foi muito forte e hoje em dia minha vida ta se invertendo.

Quando e como você percebeu que o seu lado feminino era forte?
Meu lado feminino começou muito cedo, de uma forma que eu não entendia e sentindo certa culpa em muitos momentos. Deixei a Giovanna por muito tempo adormecida e de alguns bons anos pra cá ela voltou a tona, cada vez mais intensa. Comecei a aceitar, a culpa começou a desaparecer e aquele negocio ligado ao fetiche de estar montada começou a diminuir, foi então que a necessidade de viver a Giovanna começou a ficar cada vez mais forte.
Hoje em dia a coisa se inverteu de tal forma que esta cada vez mais difícil aceitar o lado masculino. Hoje as coisas são totalmente claras e eu tenho certeza do rumo que quero para a minha vida e só não me arrependo de ter tomado certas decisões antes porque como falei acima, minha vida masculina sem querer me gabar foi de dar inveja a 99,99% dos homens.

Quanto você se considera feminina?
Sempre em uma escala evolutiva, mas ainda estou totalmente longe do meu objetivo. Não consigo me ver muito feminina porque a imagem masculina ainda vive, então quando me olho no espelho, gosto do que vejo, porem como sei que ele ainda esta la, fico meio confusa ainda. Mas resumindo, mesmo com esse lado masculino ainda existindo, estou satisfeita pelos momentos femininos que tenho dentro dos meus limites.

E o lado masculino ainda é forte?
Não digo que é forte, ele é apenas uma necessidade pois ainda não cheguei onde quero. Ele é bem presente mas uma coisa tipo com os dias contados.


Sei que você já morou fora do Brasil e pretende retornar logo, acha que o entrosamento da Giovanna na sociedade será mais fácil fora do Brasil? Como foi a sua experiencia anterior?
Olha, minha experiencia foi maravilhosa. Apesar de não ter vivido num pais de primeiríssimo mundo como os países do UK ou os países nórdicos pois a Itália e os italianos são muito parecidos com o Brasil-brasileiros, as reações da sociedade é muito melhor do que no Brasil. La eu senti que eles meio que tão cagando e andando pra você, que o que você faz, não é problema deles...ou sei la, pode ate ser que eu que nunca percebi que não é isso que eu to dizendo. O que quero dizer é que os brasileiros são muito mais indiscretos e se manifestam de forma mais assídua, bem na cara de pau, os europeus são mais discretos ou nem se metem.

Como tem sido a decisão de ser apenas Giovanna?
Algo que demorou demais pra eu aceitar, e conseguir por em pratica. Perdi bastante tempo eu acho, pois precisei amadurecer pra encarar isso. Hoje eu penso que podia ter entrado de cabeça quando mais nova, mas como falei numa resposta anterior, não tenho o que reclamar da minha vida masculina...eu aproveitei demais!! Talvez por muita coisa que eu gostava de viver como homem tenham ajudado a segurar o incio da minha transformação.

E a reação das pessoas ao seu redor?
Não me importo com a opinião alheia, eu preciso viver da forma que me faz feliz. Quem quiser me aceitar, ótimo, provou que gosta de mim de verdade, quem não aceita, só mostrou que amizade ou consideração tem limite, ai já mostra que é uma pessoa que não vale a pena.

Tem alguma mulher que você admira e/ou se espelha?
Bem, na verdade, as mulheres que eu mais admiro não nasceram mulheres e sim se tornaram mulheres trans no decorrer da sua vida.
Mas mulheres biológicas que admiro mais a beleza são Giovanna Antonelli e Giovanna Ewbank (nada a ver por causa do nome hahahah), Cleo Pires e Carolina Ferraz de brasileiras. Internacionais Nina Dobrev, Liv Tyler, Cindy Crawford.
Tem uma banda americana feminina de hard rock dos anos 90 que gosto muito do estilo delas como do som também que se chama Vixen.
E sei la, penso um dia que ficar coroa, seguir um estilo meio Suzana Vieira/Monique Evans.

Qual é a sua peça de roupa favorita e por quê?
Não tenho uma peça de roupa favorita, já fui assim de ficar eufórica por usar isso ou aquilo ou apaixonada por estar usando certas roupas pelo momento, mas hoje em dia a coisa é muito natural pra mim, não tenho mais aquele negocio de só querer usar roupa curta, ou usar salto pra todas as situações. Hoje em dia prefiro estar confortável, tipo as vezes trocando o salto por uma rasteirinha se for numa situação onde vou fica muito tempo em pé ou andando por exemplo, se na situação cai bem a rasteirinha e a roupa mais composta, eu prefiro.
Mas uma coisa que sempre gostei e que sou apaixonada ate hoje e isso n mudou, não é peça de roupa e sim brincos. Não saio sem. Jamais!!!

Já realizou ou pensa em realizar modificações no corpo? Se sim, quais?
Seios. Espero que o mais rápido e breve possível.

Gostaria de deixar um recado para as outras meninas?
Hoje em dia, o acesso a informação facilita demais encorajar e libertar o lado crossdresser, tanto é que cada dia vemos mais meninas saindo, se mostrando e passando por cima das dificuldades. Não é fácil, isso não é, mas a vida é uma só, e se não for aproveitada fazendo as coisas que nos fazem felizes, vai chegar uma hora que a realidade cai na sua cara e você vai ver o quanto frustante é você não correr atras e realizar os seus sonhos ou vontades por causa dos outros e da sociedade.

Quero agradecer a oportunidade da entrevista... me fez ate me sentir importante, como se fosse uma coisa Programa da Samantha, ou De Frente com Samantha....hahahaha...bjos a todas!!!


sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Meninas respondem!! (09) com Márcia Tirésias

Tive a oportunidade de conhecer a entrevistada de hoje e a sua esposa no Meeting on High Heels, que participei em São Paulo, e posso dizer que adorei saber ainda mais sobre ela aqui no Meninas respondem!! Descubram um pouquinho da história e dos pensamentos da querida Márcia Tirésias.


Como você se vê ou como se descreve?
Carl Jung tinha uma frase assim: “até onde conseguimos discernir, o único propósito do ser humano é acender uma luz na escuridão da mera existência.” Acho que isso resume bem o que sou e o que tenho feito em minha vida: iluminar minha própria escuridão.

Quando e como você percebeu que o seu lado feminino era forte?
A lembrança mais antiga que tenho é por volta dos seis, sete anos. Recordo que estava assistindo um filme na TV sozinha e vi uma cena com uma bela mulher de vestido tomara-que-caia em uma festa ou algo assim. Achei a figura dela tão bonita.... Fiquei com vontade de reproduzir aquela beleza em mim mesma e então fui até a janela, que tinha uma longa cortina, e me enrolei nela até reproduzir o desenho do tomara-que-caia em meu corpo...rsrs

Houve uma sensação de euforia, mas também de estranhamento muito forte. Outros episódios se sucederam com o passar dos anos, como colocar um salto alto de minha mãe para ver como meus pés ficariam...rs

Quanto você se considera feminina? E o lado masculino é muito forte?
Essa é uma boa pergunta... Acho que não tenho um lado feminino, mas sim um IDEAL feminino. Não é a mesma coisa. Tenho uma figura idealizada de Mulher e procuro atingi-la. Na verdade, mais de uma figura ideal. Imagino essa personagem e procuro sê-la na aparência, na atitude, no gestual, nas palavras. Não é um processo totalmente controlado e consciente. Lembra um pouco as técnicas teatrais de “imersão em personagem”.

O lado masculino seria então meu único lado?? Acho que sim, mas é interessante dizer que essa adoração pela estética feminina me permitiu ser alguém mais atencioso e sensível aos problemas da mulher. Detesto demonstrações de machismo, abuso ou violência e sempre me posiciono contra as manifestações dessa cultura informal de opressão, como aqueles comentários machistas que às vezes surgem nos corredores dos escritórios... Apoio também o movimento feminista e as políticas de inclusão das mulheres no mercado de trabalho.

Além disso, hoje compreendo melhor os pequenos sofrimentos cotidianos da mulher, como a “ditadura da magreza”, as dores da depilação e o incômodo do salto alto. Se eu não tivesse essa minha experiência como crossdresser, acho que nunca compreenderia...

Como foi contar à esposa sobre seu crossdressing?
Não houve o ato de “contar”... A gente foi descobrindo juntas durante o namoro e casamento. O meu crossdressing estava adormecido quando começamos a namorar. Eu não tinha o hábito de me montar regularmente e por isso não havia o que esconder dela. O crossdressing começou como uma brincadeira que foi elaborando e ganhando contornos mais sérios...

Ela não teve uma surpresa ou choque, como acontece em alguns casos. A gente foi descobrindo isso (no meu caso, redescobrindo) em um processo gradual.

Mais pessoas sabem a respeito do seu crossdressing? Como foi a reação?
Fora do meio, tenho alguns parentes que sabem, uma amiga da vida profissional e amigos de uma ONG de apoio às travestis em situação de rua. Suspeito também que minha faxineira sabe... KKKKK

A reação foi melhor que eu esperava. Normalmente há um choque inicial, seguido por um fascínio e curiosidade. Creio que é um comportamento positivo das pessoas, se considerarmos que estão diante de algo desconhecido e novo para elas.

Tem alguma mulher que você admira e/ou se espelha?
Gosto demais da Marylin Monroe, que esbanja sensualidade e uma alegria de viver quase infantil em suas fotos. A Tônia Carrero era belíssima, estonteante e não deixava nada a dever às estrelas internacionais. A Sophia Loren é outra que adoro, com seus olhos enormes e formas voluptuosas. A Grace Kelly é fina e elegante de forma tão natural que gosto muito também. Há outras, como Ava Gardner, Brigitte Bardot, Gina Lollobrigida...

Em geral, gosto dessas grandes estrelas do passado. Elas são de uma época em que era necessário ser sensual sem apelar para exposição do corpo. Eu admiro isso.

Qual é a sua peça de roupa favorita e por quê?
Sabe que não tenho uma peça de roupa favorita??? Gosto de pensar na composição, no look. Adoro o exercício de imaginar a mensagem que quero passar, definir o look que preciso ter para passar esta mensagem e então listar as peças que se harmonizarão para construir este look

O que costuma fazer enquanto está montada?
Posar para fotos! Muitas fotos!!!KKK :D

Gosto também de sair montada. Isso começou há pouco tempo. Tenho ido a eventos crossdresser e em alguns casos a locais públicos. É uma experiência que proporciona emoções intensas e curiosamente alívio também. Entretanto, é mais trabalhosa e sujeita a variáveis que nem sempre posso controlar. Por isso, saio de vez em quando.

Já realizou ou pensa em realizar modificações no corpo? Se sim, quais?
Atualmente tenho uma regra pessoal de não fazer modificações permanentes no corpo. E ainda assim, só fazer se for necessário para compor a imagem que quero atingir. O motivo é uma ética minha, a forma como eu entendo que o corpo deve ser tratado e também a forma como quero tratar meu crossdressing. As únicas “mexidas” que faço são a depilação e a “limpeza” das sobrancelhas.

Eu nem mesmo furo as orelhas. Tenho encontrado brincos de pressão que satisfazem o que busco, então estou OK assim.

Gostaria de deixar um recado para as outras meninas?
Sim!! Aproveitando o tema das modificações no corpo, gostaria de deixar um recado para as meninas que se descobriram trans ou apenas querem feminizar-se mais: por favor, não tomem hormônios ou bloqueadores de testosterona sem o devido acompanhamento médico. Tenho várias amigas com problemas sérios de saúde devido aos danos provocados por essas substâncias. Procurem o médico e se abram com ele. A comunidade médica está cada vez mais consciente dessa necessidade da população trans e vem se preparando para prestar um melhor atendimento.

Outro recado, agora para as meninas que sofrem com a culpa e o medo e que também serve para mim mesma: não há nada de errado em se travestir e o crossdressing não é um defeito. Elaborem, desenvolvam, curtam, divirtam-se, sejam felizes! Parafraseando Rupaul:

Se você não se entende, como poderá entender outra pessoa?
Se você não se aceita, como poderá aceitar outra pessoa?
Se você não se ama, como poderá amar outra pessoa?

Beijos

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Meninas respondem!! (08) com Aline Sissy

Estou amando de ver a diversidade nas meninas que participam do Meninas respondem!! Essa semana conheçam a Aline Sissy, ela encontrou no BDSM uma forma de vivenciar o seu lado feminino sem cobrança sem rótulos e sem medo.


Como você se vê ou como se descreve?
Eu me sinto uma crossdresser apaixonada pelo meu lado feminino e encontrei no cross uma forma de manifestar este lado. Sou uma pessoa dual que tem o lado feminino muito forte e ativo, e encontrei no BDSM uma forma de exteriorizar estes sentimentos. Através de um relacionamento com uma dominadora, no caso a Zingara, deixo fluir meu lado feminino me transformando em Aline.

Quando e como você percebeu que o seu lado feminino era forte?
Desde criança eu me senti atraída pelo feminino em vários níveis. Gostava de me vestir com roupas femininas mas como todas as que viveram isso sempre escondida e com medo de me mostrar. Apesar de não me sentir atraída por meninos eu sempre que podia queria me vestir de mulher, passar batom e coisas assim. Passaram muitos anos ate eu mesmo poder aceitar este meu lado. Só a pouco tempo consegui encontrar uma pessoa que me ajudou a deixar este lado se manifestar sem cobrança sem rótulos e sem medo. Aprendi a viver os dois lados sem um prejudicar o outro.

Quanto você se considera feminina?
Quantificar para mim e algo difícil por não ter parâmetros fixos para isto. Mas posso sentir ele se manifestar de varias formas. Sutilmente quando medito, quando deixo os meus sentimentos saírem, ser sensível com a realidade que nos cerca. Fortemente quando eu me monto, para mim é um ritual, a cada peça feminina que visto, no momento da maquiagem, quando estou montada e olho no espelho não reconheço o homem, mas somente a parte feminina que dou o nome de Aline. Viro outra pessoa, o engraçado disso que Aline e completamente diferente da parte masculina nos gostos na maneira de ser.

E o lado masculino é muito forte?
Sim é forte. Gosto de ser o homem que sou, amo uma mulher que gosta de mim como sou, que aceita meu lado feminino e ate me incentiva. A cross que sou hoje foi construída neste relacionamento que e profundo aberto e prazeroso por ambos os lados.

Sei que seu crossdressing está mais relacionado ao fetiche, mas fora desse ambiente você também sente vontade de ser mulher?
Sim ele se manifesta fora também, apesar de hoje em dia minha vida pessoal está bem inserida no BDSM. O meu lado feminino está dentro de mim, e se manifesta onde eu me sinto bem e possa me expressar. Sempre que estou no BDSM Escola de Sissy/CD me montando, sendo produzida e fotografada.

Como você conduz o seu fetiche nos seus relacionamentos?
Os meu relacionamentos atuais são com pessoas do meio BDSM, então é fácil vivenciar tais “fetiches”, tenho um relacionamento firme com uma dominadora que é a pessoa que eu amo. Com ela vivencio coisas extremamente profundas, e apaixonantes.

Tem alguma mulher que você admira e/ou se espelha?
Sim tem, são várias e nem sei quais citar, por isso prefiro dizer que gosto tanto do lado feminino que quero ser uma.

Qual é a sua peça de roupa favorita e por quê?
Vestido. Pra mim e a tradução de ser mulher, claro que tenho um gosto um pouco exótico e muito ligado as roupas fetichistas e góticas, mas qualquer vestido pra mim me inspira.

Já realizou ou pensa em realizar modificações no corpo? Se sim, quais?
Não, não fiz, não me considero uma trans, gosto da minha aparência física e meu lado feminino se realiza nas montagens usando seios de silicone e maquiagem.


Gostaria de deixar um recado para as outras meninas?
Procurem aceitar seu lado feminino, deixe ele se manifestar, não fiquem se recriminando e procurem viver em paz consigo mesma. Não lutem, não entrem em conflito interno mas procurem se aceitar. Não deixe a sociedade te dizer o que e certo ou errado. Eu pessoalmente aprendi a deixar os meus dois lados se manifestarem, não entrando em conflito. Tem espaço para a mulher e para o homem viver seu desejos, fetiches e amores. Para mim viver o crossdresser é viver os dois mundos, ver o mundo pelos dois aspectos. Amo isto e espero que todas que vivam isto possam também.


Para quem se interessa pela temática BDSM, segue duas páginas recomendadas pela Aline Sissy:

BDSM Escola de Sissy/CD: Escola BDSM de sissy e crossdresser, um lugar para descobrir e vivenciar a plenitude de ser feminina em toda sua beleza e exuberância

Tertúlia BDSM-BH: Grupo com o objetivo de fomentar o universo BDSM em Belo Horizonte.
Organizado e idealizado por Zingara Domme. com a colaboração de Aline sissy.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Meninas respondem!! (07) com Taís Moranguinho

Florzinhas, nessa semana trouxe uma entrevista para se emocionar e refletir, pelo menos foi o que aconteceu comigo depois de ler! Confiram a entrevista da Taís Manuela Da Silva Bueno ♥ ♥ ♥


Como você se vê ou como se descreve?
Bom me vejo como uma menina transgênero, ou seja, tenho a cabeça de uma mulher, jeitinho de pensar e agir e alguns trejeitos em um corpo de menino... Diferente de uma travesti ou transexual que fazem tratamentos hormonais ou cirúrgicos para se adequarem ao seu verdadeiro sexo... e diferente de uma crossdresser que vive uma vida dupla como homem no dia a dia e como menininha as vezes... eu, apesar de ter alguns pelinhos, vivo mais como menininha, sendo assim penso que sou uma menina com alguns traços de menino.

Quando e como você percebeu que o seu lado feminino era forte?
Bom acho que foi por volta de 12 ou 13 anos, eu comecei a ver as meninas a minha volta de forma diferente... além de achá-las muito bonitas eu adorava as roupas que elas estavam usando e logo ficava me imaginando como ficaria vestida como elas e sempre tive um carinho de amiguinha por elas... não como um menino que é mais bruto, eu era mais sentimental como as mulheres são e aquilo me fascinava muito...
Então logo comecei a usar roupas femininas... primeiramente de minha mãe e vi que ficava bem com elas... em seguida pegava roupas das irmãs de um amigo que estavam em sacolas pra doação... eu dizia que iria levar as sacolas para doar e no fim experimentava todas pra ver o que me servia hihi... o resto eu realmente doava ta gente. hihi...

Quanto você se considera feminina?
Bom eu tento ao máximo ser bem feminina né, o meu jeitinho diz muito o que sou... Sou uma menina meiguinha e carinhosa... Mas nos trejeitos e no jeitinho de falar me considero um pouquinho feminina... Já no lado físico não me acho muito,... Tenho cabelo comprido e corte feminino, algumas pessoas dizem que tenho corpo de menina mesmo, mas eu não acho isso hihi... Tenho pêlos, apesar de poucos, e calço 41 ou seja coisas de homenzinho né hihi... Tenho mãozinhas delicadas e pequenas, menores do que muitas mulheres inclusive... e o rostinho que dizem que é meigo, apesar de nem achar isso hihi...

Mesmo após assumir o lado feminino, acha que ainda sobrou um pouco do lado masculino?
Acho sim, apesar de ter 98% de roupas femininas e não usar mais as cuequinhas a uns 4 anos, ainda tenho coisas do lado menino sim... Tipo a voz e os pelinhos, além de usar alguns moletons e calças de menino quando estou em casa a vontade hihi... Mas meus pensamentos estão diferentes do que antigamente.

Como a sua doença influenciou na decisão de assumir o lado feminino?
Bom eu fiquei cega a 5 aninhos, pra quem não me conhece, devido a diabetes que tenho desde os 3 aninhos de idade... Então devido a isso e a doença renal grave que tenho, percebi que talvez eu não tenha muito tempo pra ficar perdendo e já estava muito perturbada de ficar me escondendo... passava noites sem dormir e pensando no que seria de mim... de ficar sendo o que eu não sou e até quando ficaria assim...
Então percebi que estava doente e tinha que aproveitar minha vida ao máximo, e então decidi que era a hora de sair do casulo e me libertar... Foi a melhor coisa que fiz, mesmo morrendo de medo das pessoas e principalmente da família e amigos.

Como foi a reação das pessoas ao seu redor ao assumir o lado feminino?
Bom a primeira pessoa que soube de mim foi minha mãe... ela encontrou roupas minhas logo que fiquei cega e inclusive era novinhas em folha hihi... Ela pensou que eu era um tarado que guardava roupas de menina hihi... Foi aí que criei coragem e resolvi contar o que realmente era e o que acontecia comigo... Ela ficou surpresa e achou engraçado, mas ela já desconfiava a muito tempo, mas foi muito compreensiva comigo e disse que adorou saber daquilo... Já meu pai foi mais complicado pois ele é tenente da policia militar aposentado e muito conservador e daí vocês imaginam como é né hihi... eu chamei os dois no sofá da sala e contei tudo... ele se assustou e fingiu que entendeu né... Mas até hoje ele dá umas recaídas e fala coisas pra mim... Mas quem disse que eu ligo né hihi... E meus amigos foi ano passado, como não nos vemos muito resolvi contar no nosso grupo de whats app que temos e todos compreenderam e aceitaram numa boa... Só tem um que é meio metido a machão que as vezes fica me largando letrinhas, mas eu não costumo filtrar coisas de gente assim... Hoje em dia me reúno com eles normalmente, porém ainda me chamam pelo nome de menino e ainda me veem como aquele menino de sempre hihi... Mas nem ligo, nada é perfeitinho né... E meu irmão que não mora comigo também foi super tranquilo, com ele e minha cunhada nem tive problemas...

Tem alguma mulher que você admira e/ou se espelha?
A que eu admiro é minha mãe, pois tem os mesmos problemas do que eu e me trata como uma filha, sempre do meu lado... e uma mulher que me inspiro... São muitas... mas gosto muito da Penélope Cruz, pois acho ela muito linda e engraçada, além de ótima atriz.

Qual é a sua peça de roupa favorita e por quê?
Aiin todas elas hihi... Mas acho que a calcinha, pois é a melhor coisa que alguém pode usar, além de confortável é muito sexy e depois uma calça legging, pois quem me conhece sabe que uso muito elas, pois adoro ela modelando o corpo e o tecidinho fofinho que gosto muito.

Já realizou ou pensa em realizar modificações no corpo? Se sim, quais?
A acho que todas faríamos né hihi... Eu colocaria silicone nos seios, pois não tenho seios, algo de tamanho proporcional ao meu corpo, nadinha de exageros, pois sou simplesinha e não gosto de chamar a atenção... e faria um preenchimento labial, pois eu amo mulheres de boca bem carnudinha hihi... e laser pra retirar todos os pelinhos, porque não gosto de pelos...
Ps: Colocaria um piercing no umbigo se tivesse uma barriga bonita tb hihi...
Eu não faço as coisas porque sou diabética e laser e cirurgias em quem tem essa doença é quase impossível...

Gostaria de deixar um recado para as outras meninas?
Bom eu digo a todinhas as meninas que corram atras de seus sonhos, que sejam felizes e não fiquem se importando com coisas que as pessoas vão dizer sobre você. Apenas faça, se solte, pois a vida é curta e deve ser aproveitada ao máximo...
Pras miguxinhas cross que se libertem mais!
Pras que querem fazer tratamento hormonal... que procurem um auxilio médico e pensem muito sobre o assunto, porque é uma mudança na sua vida tanto pessoal quanto a famíliar e principalmente no trabalho... Não tomem nada por conta e não façam o que a fulana fez e deu certo porque não temos organismos iguais, o que deu certo pra ela pode dar muito errado pra você... e hormônios tomados de forma errada podem levar a morte ou a depressão profunda como o famoso Perlutan faz... hormônios tomados de forma errada podem fazer o efeito contrario também, no caso fazer você produzir mais testosterona gente... Falo isso por muitas pesquisas e depoimentos reais que ouvi de pessoas trans e de médicos, pois já quis fazer um tratamento hormonal e foi quando descobri que não tenho condições pelas doenças que tenho principalmente a diabetes... Sei de tudo isso porque fui em um programa desses que o SUS fornece as pessoas trans e que existem nas principais capitais... Então minhas gatonas é isso, espero que se vocês se decidirem por essa vida de fazer tratamento que leiam muito e sempre procurem o auxílio dos médicos, pois por conta você pode ter sérios problemas... Beijinhoss da Taís Moranguinhoo

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Meninas respondem!! (06) com Rebecca Duff

Hoje vou conversar com uma amiga nerd e safadinha! A Rebecca ficou um pouco insegura com a entrevista pois se sentia diferente das outras meninas, já eu achei essencial sua presença aqui justamente para apresentar a diversidade! Na realidade a entrevista dela só me fez notar que ela é uma menina meiga e que tem uma história parecida com a minha, acho que vocês também vão gostar ♥


Como você se vê ou se descreve?
Sou uma garota com ótimo senso de humor, extremamente focada e dedicada, uma Nerdzinha maldita (kkk)...  Adoro aprender coisas novas com pessoas inteligentes. Sou uma moça meiga, apaixonada pelo meu mundinho Crossdresser e muito, mas muito safadchênha meixmoo :D

Quando e como você percebeu que seu lado feminino era forte?
É uma longa história. Bem cedo, aos 5 ou 6 anos. Possuo uma lembrança fortíssima de ter visto um cartão postal de uma garotinha e sua mãe, me identifiquei com a garotinha, sempre quis ser ela, inclusive sempre quando mostrava este cartão a minha mãe, dizia que era eu e ela. Mas, com o tempo fui sufocando esse sentimento, essa mulher dentro de mim, escondendo-a de todos. Recordo-me que desde os 10 anos de idade me visto de mulher as escondidas, principalmente com as roupas de minhas primas. Como supracitado, minha mente é feminina, o crossdresser é uma imensa válvula de escape por não ter tido a coragem de me assumir publicamente, sendo assim, não encaro como fetiche e sim como a materialização de quem eu realmente sou.

Quanto você se considera feminina? E o lado masculino é muito forte?
Olha, por mim seria 100%, Mas, a sociedade, o medo de não conseguir um bom emprego e principalmente toda a desunião e falta de postura de grande parte do mundo LGBT (Não estou generalizando, é a minha percepção apenas) me fizeram recuar muito em aflorar meus instintos naturais. Acredite, luto contra isso e esta ficando cada vez mais difícil segurar a Rebecca com o passar do tempo. O meu lado masculino serve apenas para esconder a Rebecca dos outros, tipo, às vezes fico com uma ou outra garota (sempre me imaginando sendo ela) para não falarem que sou gay. Preciso de um psicólogo kkkk. =)

Outras pessoas sabem sobre o seu crossdressing? Se sim, como elas souberam e como reagiram?
Atualmente quem sabe do meu crossdressing são duas amigas, me abri subitamente, estava surtando já, precisava desabafar. Nossa..... foi como tirar um caminhão das minhas costas (pena quase nunca nos encontrarmos) e a revelação foi tranquila. Me disseram que nunca desconfiaram de nada. Agora a primeira e única vez que fui flagrada coincidentemente foi a mesma vez que perdi minha virgindade como mulher. Estava no Sítio do meu pai e minha família toda viajando, nunca havia ido para as externas montada, encontrei um biquíni no banheiro, um sol de matar, não resisti a tentação de fazer uma marquinha, era um desejo de muito tempo. Estou eu lá, toda garota, de bumbum pra cima, com um bikininho bem safadinho (da minha prima piranha, kkkk brincadeira *_*) e de repente escuto: “Oi, vc sabe se meu tio está?” Quando olhei pra cima era meu primo. Meu Déuuuuussssss... Saí correndo para dentro da casa. Ele me reconheceu na hora. Só que minha reação foi muito inusitada. Abri minha bolsa de menina e coloquei uma saia, uma blusinha e não uma roupa de menino. Meu cérebro bugou.... Então.... ele veio para dentro da casa e continuei garota, mantive a pose não tinha saída e a merda estava feita. Quando fui falar com ele, implorar pra guardar segredo, ele me disse que estava linda, que me admirou um pouco de longe antes de vir falar comigo, mas que não havia me reconhecido. Fiquei vermelha e disse “obrigada.” Logo depois veio a chantagem. Me disse que já tinha ficado “comido” dois gayzinhos já. Não aguentei e disse não sou gayzinho, sou uma mulher *__* Afrontei ele, então ele disse “se não quiser que eu conte vc vai ter que ser minha mulher hoje” Aquele moreno, lindo sarado, gostosão mesmo na minha frente querendo que fosse sua mulher e eu ali de bikininho, sainha, toda garota na frente dele era a materialização dos meus sonhos. Não tive medo algum, sempre fui convicta de quem eu sou, apenas dei um passão em sua direção e ele já me pegou em seus braços e me deu o beijo mais importante da minha vida até hoje. Naquele momento eu era 100% Rebecca, uma fêmea passiva e submissa.

Como são seus relacionamentos como Becca?
Minha vida como Rebecca é bem devagar..... como disse anteriormente,  não sou assumida, sou extremamente medrosa para me relacionar com estranhos, se não tiver confiança, confiança mesmo, eu não me entrego. Eu não procuro sexo casual, gosto de ter amantes, e quando envolvida com alguém, sou exclusiva dele. Durante minha vida posso dizer que tive 5 amantes. O mais marcante se chamava Claudio, foi um rolo de quase 4 anos (Meu primeiro homem de verdade, escolhido por mim, depois do meu primo tirou minha virgindade, foram anos de conversa iniciada no falecido Orkut para ter coragem de me entregar). Todos os amantes que tive eram extremamente cavalheiros, educados mesmo. Adorava a maneira como me tratavam, para eles, eu era a Rebecca. Eu super feliz, agia e me portava como tal. Sempre conversamos muitoooo, bebemos um vinho até as coisas esquentarem. O desejo deve ser algo despertado, assim o tesão fica incontrolável, assim a fêmea está 100% no comando, minha entrega é completa *__*  Meu romance de 4 anos com o Claudio foi inesquecível, ele queria bancar minha transição. Próteses nos seios e tudo mais. Queria que eu vivesse como Rebecca o tempo todo, mas sempre sendo apenas sua puta para sexo (com o tempo ficamos amigos, gostávamos da presença um do outro mesmo, mas sei que a atração dele em relação a mim era sexual), ele era casado, se mudou pra longe. Depois disso tive com uns caras tb, mas não eram de longe a vibe do caso que tive com o Cláudio. Posso contar, em outra oportunidade kkkkkkkkkkkkkk.

Tem alguma mulher que você admira e/ou se inspira?
Admiro a Marie Sklodowska Curie, única mulher a ganhar duas vezes o Prêmio Nobel, pioneira em pesquisas sobre radioatividade. Mulheres que me inspiram, essas são as que vivem com o fardo de terem nascido em um corpo que não corresponde ao seu gênero, que sofrem com o preconceito de sua transição, etc... Estas mulheres de alma feminina, que buscam a felicidade com todas as suas forças, são pessoas incrivelmente inspiradoras. Eu não tive coragem. Era meu sonho.

Qual é a sua peça de roupa favorita e por quê?
Adoro salto e vestidos. Como se fossem uma coisa só. Nossa, sonho em sair para uma balada de vestidinho e salto. Me sinto livre desfilando em cima de uma salto. É uma sensação divina =)

O que costuma fazer quando está montada?
Quando estou montada, estou sozinha em casa (Moro com meus pais ainda). Nestes momentos gosto de fazer coisas normais, assistir séries, ouvir música (dançar tb, tipo patricinha na balada), ser eu mesma, a mulher que deveria ser sempre =/

Já realizou ou pensa em realizar modificações no corpo? Se sim, quais?
Já tomei hormônios por 3 meses, a sensibilidades nos seios começou a aflorar, fiquei com medo e parei. Pretendo voltar em breve Mas como não me assumi, passei do ponto, não farei modificações não, bem, no rosto devo fazer sim, pelo menos eu penso em dar uma feminilidade e fazer lazer na barba.

Gostaria de deixar um recado para as outras meninas?
Valorizem-se, protejam-se, amem-se e principalmente, sejam felizes!!!

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Meninas respondem!! (05) com Daniela Sousa

Conheçam a menina que sugeriu essas entrevistas aqui no blog, Daniela Sousa. Antes de conversar com ela e ler a entrevista eu só sabia que ela gostava de sapatos, agora eu pude notar o quanto a nossa história é parecida (e complexa)!


Como você se vê ou como se descreve?
Essa é uma pergunta difícil de responder, até pouco anos atrás eu me definiria apenas como crossdresser, mas hoje eu me defino como uma mulher presa dentro de um corpo de um homem, nesse caso por definição eu sou uma transexual (só que sem a utilização de hormônios), deixa eu esclarecer uma coisa, não sinto atração por homem e sim por mulheres e todo o universo feminino. Me encanta a variedades de roupas, acessórios e sapatos que existem para o universo feminino, diferente do universo masculino. Infelizmente a sociedade impõe as coisas, porque os homens não podem pintar as unhas ou usar a maquiagem, será que eles deixariam de ser héteros se usassem? Não né, mas aprendemos que sim, o que é errado, todas as pessoas deveriam ser livres para usar o tipo de roupa que elas se sintam a vontade.

Quanto você se considera feminina?
Bom eu me considero 70% feminina e 30% masculino (porque preciso passar essa imagem para sociedade, e eu trabalho em uma área completamente machista e preconceituosa que é a engenharia civil). Em relação a parte feminina eu posso dizer com convicção que minha alma é feminina o que considero mais importante, não tenho traços femininos, aliás estou longe disso rsrsrs, sou morena, tenho 1,87m de altura e peso 90kg, quem olhar para mim jamais vai pensar que me considero uma mulher.

E o lado masculino é muito forte?
Sim, como eu disse acima qualquer pessoa que olhar pra mim nunca vai suspeitar de nada, não sou afeminado e além do mais eu gosto de games (corrida principalmente) e rock n' roll, coisas que a sociedade impõe como masculina. Uma coisa que acho engraçado é que quando estou na minha forma "masculina" gosto de ouvir bandas como AC/DC, Pink Floyd, Metallica e etc... Quando surge a Danny é totalmente diferente a postura e gosto musical muda radicalmente para Adele, Madonna, Rihanna, Katy Perry e etc...

Outras pessoas sabem sobre o seu crossdressing? Se sim, como elas souberam e como reagiram?
Apenas 3 pessoas sabem, uma amiga (que eu contei), minha mãe e minha irmã (que foi quem descobriu). Aqui vou ter que contar um pouco mais sobre mim para explicar, meu nome é Danyela tenho 32 anos e vou relatar um fato que aconteceu quando eu tinha 6 anos de idade e mudou minha vida.

Era uma manhã de sábado um dia normal como todos os outros, ia sair com minha irmã, nós íamos na casa de uma amiga dela, era por volta das 10 horas da manhã quando minha irmã pediu para eu ir tomar banho, como de costume ela me deu as minhas roupas e eu entrei no banheiro para tomar o banho, tudo normal como era pra ser, quando fui desligar o chuveiro vi uma calcinha branca da minha irmã pendurada no registro, lembrei que ela tinha costume de tomar banho e lavar suas calcinhas ali mesmo no banheiro (coisa que a maioria das mulheres fazem) e depois estendia no varal, só que nesse dia ela esqueceu, até hoje não sei explicar o que aconteceu, fiquei olhando para calcinha que era branca com rendas, e na hora tive uma vontade incontrolável de colocar a calcinha e foi o que eu fiz, enquanto eu colocava sentia uma sensação inexplicável que me arrepiava completamente, era uma sensação maravilhosa, fiquei completamente em êxtase. Naquele dia fiquei tão empolgada que sai com minha irmã usando a calcinha dela.

Foi a descoberta de um novo mundo e que eu não queria mais sair, depois desse dia comecei a pegar mais peças de roupas da minha irmã (calcinhas, sutiãs, vestidos, batons, meias finas, tudo que uma mulher usava) claro que tudo escondido. Consegui fazer isso por muito tempo sem minha irmã perceber, mas um dia a festa acaba.

Agora vou contar como fui descoberta pela minha irmã, como toda CD eu procurava sempre lugares para esconder as lingeries que pegava da minha irmã, sempre pensava em lugares que só eu mexia para não correr risco nenhum. Como sempre vivi entre os dois mundos (homem / mulher) tinha tudo o que qualquer menino teria como um vídeo game, e tive o grande plano de esconder uma blusinha, um sutiã e uma calcinha dentro da caixa do vídeo game, já que só eu mexia ali. Foi um grande plano por muito tempo, só que acabei esquecendo que minha irmã tem a mania de limpar tudo em casa e um belo dia ela mexeu na caixa e viu o que tinha dentro.

Até que um dia cheguei do trabalho e ela falou que precisava falar comigo, nós jantamos como sempre fazíamos tudo normal, até que ela olhou pra mim e perguntou bem séria.
- Posso saber o que uma blusinha, um sutiã e uma calcinha minha estavam fazendo dentro da caixa do seu vídeo game?

Na hora fiquei sem reação nenhuma!

Ela perguntou novamente "posso saber o que uma blusinha,um sutiã branco e uma calcinha minha estavam fazendo dentro da caixa do seu vídeo game?"

Eu estava completamente perdida não sabia o que falar, mas acabei criando coragem e confessando com uma voz tremula que eu tinha pego.

Ela perguntou "e pra que?"

Já estava completamente perdida e assumi ali para ela que eu gostava de me vestir de mulher com as roupas dela, na hora minha irmã ficou em choque e não sabia mais o que falar, jamais imaginou isso de mim. Ela perguntou desde quando eu fazia isso eu disse desde os 6 anos de idade, ela falou que eu devia procurar um psicólogo para conversar e eu disse que não teria coragem. Mesmo ela em estado de choque ela falou que eu não ia mais precisar esconder dela e que ia separar uma gaveta no guarda roupa dela para eu guardar minhas coisas e que aquelas peças eram minhas e se alguém pergunta-se de quem era aquelas roupas ela iria falar que era dela.

Fiquei muito feliz com o que minha irmã disse, meio constrangida e aliviada de finalmente poder contar para alguém, afinal comecei com 6 anos de idade e só fui descoberta com 28 anos.

A partir desse dia criei coragem pra começar a comprar minhas próprias lingeries e não pegar mais nada da minha irmã, comprei calcinhas, sutiãs, meias finas 7/8, leggings e claro que sapatos (aliás muitos).

Vou resumir o final se não ninguém vai ler tudo, minha mãe começou a achar estranho muitas roupas no guarda roupa que eram supostamente da minha irmã e ela não usava, aí eu tive que contar e minha mãe chorou, mas me apoiou...

Sobre a amiga um certo dia estava conversando com ela sobre sexualidade e como ela é muito mente aberta, aproveitei e levantei a questão sobre o crossdresser e ela disse que não sabia o que era, na hora pensei vou fazer uma surpresa pra ela, mandei uma foto minha com as pernas cruzadas e pedi para ela analisar a foto, ela olhou e falou é uma foto normal, não tem nada de diferente a ser a sua cruzada de perna que está mais para uma cruzada feminina, em seguida mandei uma outra foto com as pernas cruzadas novamente, só que tinha um detalhe nessa foto, eu estava usando uma bota de salto alto, pedi para ela analisar a foto novamente (tipo jogo de sete erros), na hora que ela percebeu ficou chocada, mas já me apoiou instantaneamente e nos tornamos melhores amigas.

Foto enviada para amiga
Revelando ser crossdresser

Tem alguma mulher que você admira e/ou se espelha?
Tenho várias, mas se for pra destacar uma com certeza seria a Ana Hickmann, pela sua beleza, simpatia, altura (coloca altura nisso kkkkkkk) e principalmente pela sua elegância, não entendo porque muitas mulheres / crossdressers pensam que pra chamar a atenção é necessário ser vulgar, eu costumo dizer que no inverno as mulheres se tornam mais elegantes e claro que eu reparo em tudo.

Até onde você pensa em chegar com o lado feminino?
Se eu disser que nunca pensei em tomar hormônios eu estaria mentindo, mas infelizmente acho que meu tempo já passou, tenho 32 anos e os efeitos não seriam muito efetivos, e também tem a questão da minha família que é super conservadora e meus irmãos são machistas e homofóbicos. E num país como o nosso que é recordista de mortes de transexuais , fica meio que inviável, talvez quando meus pais falecerem eu mude de ideia e inicie uma transição, acredito que a melhor fase para se fazer isso é na pré adolescência, antes da testosterona se manifestar. Mas no meu caso existem cirurgias que poderiam aliviar a minha dor de viver como outra pessoa, assim como aconteceu com a Caitlyn Jenner.

Quando e como você percebeu que o seu lado feminino era forte?
Bom eu não acredito que teve uma fase especifica, a partir do dia que usei a calcinha pela primeira vez e me descobri identificando com o universo feminino, tudo foi fluindo naturalmente, comecei a reparar mais nas meninas, como se vestiam e se comportavam, na adolescência foi ficando mais intenso, teve uma pausa durante o ano em que servi o "Glorioso Exército Brasileiro", quando minha irmã descobriu e me apoiou eu comecei a comprar tudo que tinha vontade de ter desde criança, hoje tenho digamos dois guarda roupas, um com roupas masculina e outro com roupas femininas, e claro que os sapatos (tenho mais de 80 pares) que são a paixão da minha vida.

Qual é a sua peça de roupa favorita e por quê?
Sem duvida nenhuma são as lingeries e sapatos de salto alto, acredito que são roupas que "simbolizam" a mulher, e que por imposição da sociedade os homens jamais poderão vestir ou calçar.

Calças leggings e Flare
Lingeries

O que costuma fazer enquanto está montada?
Aqui vou descrever um pouco o que faço para suprir as minhas vontades, me montar por completa (maquiagem) é difícil pois vivo com meus pais, mas vestir as lingeries, roupas e saltos é mais tranquilo, quando me monto (sem maquiagem) no máximo um batom por ser mais fácil de tirar, aproveito cada segundo, desde me olhando no espelho, navegando na internet e vendo filmes. Uma coisa que faço devido esse problema de morar com meus pais é me montar na hora que vou dormir (fica a dica), passo a noite vestida e só tiro de manhã para ir trabalhar, outra coisa que faço também é em dias frios eu vou trabalhar com blusinhas e sutiã por baixo das blusas, claro que morro de medo de alguma das meninas do trabalho me abraçar e sentir que eu estou usando o sutiã, mas vale o risco. Eu diria que me montar serve como uma terapia pra mim, eu esqueço de todos os problemas e só curto o momento.

Já realizou ou pensa em realizar modificações no corpo? Se sim, quais?
Não realizei, mas gostaria de fazer alterações no meu corpo para me tornar mais feminina e poder sair na rua sem ser percebida por ninguém, viver como uma mulher em tempo integral.

Gostaria de deixar um recado para as outras meninas?
Bom eu vou deixar dois recados, um para as transexuais e outro para as crossdresser.
Para as transexuais não comentam o mesmo erro que eu cometi de reprimir quem eu sou por mais de 26 anos, tomem coragem e falem para sua família, sei que é difícil mas vai te ajudar e muito, você viverá melhor com você mesma e se for para fazer a transição quanto mais cedo você iniciar melhores serão os resultados, existem vários casos na internet de crianças e adolescentes que contaram para seus pais cedo e hoje vivem felizes de acordo com o gênero que se identificam.

Para as crossdressers principalmente as casadas não guardem esse segredo de suas mulheres, se ela realmente te ama de verdade ela vai aceitar e compreender você, uma vez que a roupa não define a sua orientação sexual.

Acho que é isso, me desculpem por escrever demais, mas acho que só assim conseguimos entender cada uma de nós, um grande beijo para vocês, e especialmente para a Samantha por nos proporcionar contar um pouco da nossa trajetória de vida e lembrem se que o importante é você ser feliz, e não o que a sociedade impõe para você.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Meninas respondem!! (04) com Luiza Lemos

Conheci essa flor como uma crossdresser iniciante e de um dia para o outro eu percebi que ela tinha se transformado em uma mulher! Incrível como pareceu natural e eu diria muito rápido (começamos a nos falar em maio desse ano). Confiram a entrevista com a Luiza Lemos:


Como você se vê ou como se descreve?
Eu sou uma mulher trans, feminista e ativista LGBT.

Quando e como você percebeu que o seu lado feminino era forte?
A primeira lembrança de infância que tenho, sou eu vestindo um biquíni amarelo de uma das minhas irmãs e me olhando no espelho, devia ter uns 8 anos. Contudo, a  minha vida inteira reprimi  meu interesse pelo feminino por motivos diversos; por causa do machismo, da religião, e tantos outros elementos sociais que mantém pessoas distantes de seus verdadeiros sentimentos. Mantive as minhas experimentações femininas limitadas a usar as roupas das mulheres ao meu redor, irmãs, namoradas, esposa.
Mas, depois de manter isso em segredo por 36 anos, resolvi contar a minha esposa. Na época eu me definia como crossdresser. Por motivos diversos, nosso casamento já não era mais o mesmo, e aquele novo elemento veio pra enterrá-lo de vez. Passei um tempo bem deprimida após a separação. Mas, um grande amigo me fez confessar o que tinha acontecido. Temerosa pela perda daquela amizade que considero muito, contei-lhe. E para minha surpresa ele não só aceitou, como me levou pra sua casa, onde a esposa dele (uma grande amiga também), me deu roupas e acessórios.
A partir daquele momento eu tinha minhas próprias roupas, maquiagens e tudo mais. E a primeira vez que me montei completamente e me olhei no espelho, vi a pessoa que eu sempre imaginei. Foi como me olhar no espelho a primeira vez. E desde então eu percebi que não poderia mais lutar com a mulher que me tornei, ela é forte demais!

Quanto você se considera feminina?
Eu vivi a minha vida toda como homem, e apesar de agora reivindicar minha posição social de mulher, inevitavelmente trarei uma enorme bagagem da minha vida masculina. Mas, hoje sou mulher, e acho que essa afirmação, por si só, já define o quanto me acho feminina.

E o lado masculino ainda é forte?
Eu sempre fui visto como uma pessoa mais sensível, nunca fui muito devotada a esportes, nunca tive grandes atributos físicos masculinos e sempre dei mais valor a cooperatividade do que a competitividade. Mas, como disse antes, vivi a maior parte da vida como homem, e inevitavelmente carrego comigo gostos e preferências adquiridos durante esse tempo.

Tem alguma mulher que você admira e/ou se espelha?
Tem um monte de mulheres que eu admiro por diversos motivos, Simone de Beauvoir, Frida Kalo, por suas contribuições a arte, a politica e a liberdade da mulher, Salma Hayek por sua força, determinação e beleza estonteante, Marilyn Monroe, por sua ousadia e feminilidade inigualáveis. Mas há muitas outras que adoro, Scarlett Johansson, Pam Grier, Karol Conka.
Mas, não me espelho em nenhuma delas, procuro ser eu mesma. Embora seja influenciada pelo estilo e pensamento de todas as mulheres que admiro.

Como foi tomar a decisão de se assumir como transgênero?
Libertadora! Eu percebi que o termo Crossdresser não abarcava o meu sentimento quando me montava. Eu me sentia plena montada, passei a fazê-lo quase que diariamente, e a hora voltar a vida de homem cisgênero era cada vez mais triste. Então eu me dei conta que eu não queria mais voltar a ser o homem cis. Passei também a desejar cada vez mais que as coisas fossem reais, que eu pudesse tirar a blusa e ver seios, e que o meu quadril não fosse uma calcinha com enchimento. Queria acordar de manhã, e mesmo descabelada e com cara de sono, eu não visse um homem no espelho. Então eu tive que quebrar barreiras e preconceitos, e admitir que eu não era crossdresser, que eu era um transgênero. E foi um momento em que senti muita paz, e a sensação de bem estar de quem é liberta após uma vida de carcere .

Como foi a reação das pessoas ao seu redor?
Passei a me revelar pra cada vez mais pessoas, outras descobriram,  e me surpreendi com a aceitação que tenho tido até o momento. Mas, estou em meio a transição e só vou ter a verdadeira impressão sobre isso em janeiro, quando abandonarei definidamente a minha vida cis (embora hoje eu já seja bem andrógena), talvez se Samantha e suas leitras quiserem, eu fale disso novamente no ano que vem. Mas, independente de preconceito e coisa do tipo que possa enfrentar, esse é um dos momento mais felizes da minha vida, talvez até o mais feliz, e ninguém vai tirar isso de mim.  

Sei que você tem contato com a geração mais nova, você consegue perceber uma mudança na aceitação de público LGBT por parte deles?
Bom, eu não escolhi esse momento pra me assumir à toa, vejo uma aceitação muito maior hoje dos LGBT’s do que em um passado recente. Sem dúvida, as gerações mais novas estão tendo mais contato com o universo LGBT, mas nem sempre isso significa aceitação. A grande questão, a meu ver, é educação. Não só a educação que vem de casa, mas a educação sobre sexualidade e identidade de gênero nas escolas, que vem sendo amplamente combatida por vários setores do legislativo em todas as suas esferas. Muito do preconceito é gerado por uma incompreensão do assunto. Eu como professora sempre procuro conversar com meus alunos sobre essas questões, e percebo que diante da luz do esclarecimento muitos passam a ter visões de mundo diferentes. Mas, a grande questão é o que tem sido ensinado a essas novas gerações, a compreensão, o respeito e a empatia? Ou o ódio? porque como dizia Nelson Mandela:  “Ninguém nasce odiando, o ódio é algo ensinado”. Se queremos um mundo melhor pra todos, devemos combater aqueles que querem negar o direito ao conhecimento às novas gerações promovendo um discurso de ódio.  

Qual é a sua peça de roupa favorita e por quê?
(Risos) Não acho que tenha uma peça preferida, mas gosto dos meus vestidos. Acho que um vestido bonito e bem ajustado é o que há de mais lindo.

Já realizou ou pensa em realizar modificações no corpo? Se sim, quais?
Estou fazendo tratamento hormonal, e as mudanças vem com o tempo. O meu plano é após, pelo menos, um ano de hormonização fazer a CFF - Cirurgia de Feminização Facial. Pra mim, esse será um momento de conclusão da transição, o que fizer daí pra frente serão mudanças cosméticas, se for necessário.




Gostaria de deixar um recado para as outras meninas?
O recado que posso deixar é, sejam o que vocês querem ser. Nada trará mais felicidade, mesmo diante do preconceito. Pois, não há nada pior do que viver escondido e com medo. A liberdade pode parecer dura, mas ainda assim é coisa mais valiosa que qualquer um pode ter.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Meninas respondem!! (03) com Lo A. Mädchen

Essa bela flor que vocês irão conhecer hoje por acaso é militar então cuidado com os comentários!! É brincadeira minha, mas fiz questão de mencionar isso por que é uma área super masculinizada e mesmo assim tem uma das meninas mais bonita e feminina que eu conheço ❤

Lorraine A. Mädchen


Como você se vê ou como se descreve?
Como uma crossdresser, na definição tradicional do termo. Um homem hétero que gosta do lado feminino. Roupas, ações, gestos, atitudes e tudo o que transforme numa imagem feminina. Rótulos não são legais, mas precisamos de manter algumas tradições para que não se perca a originalidade da coisa. Hoje em dia as pessoas confundem muito essa a imagem e isso é perigoso para o mundo cd que está começando a ser desvendado pela sociedade. Gays são gays, crossdresser são crossdresser, transsexuais são transsexuais e assim por diante. Cada qual com suas características e peculiaridades.


Até onde você pensa em chegar com o lado feminino?
Não penso em hormonização e nem em cirurgias. Claro que é muito tentador tudo o que transforme seu corpo em algo mais feminino e menos masculino mas, devido a minha profissão e ao fato de que hormônios e cirurgias ofuscam a imagem de marido, não posso optar por esses caminhos. A imagem de marido e, as vezes de pai, para uma crossdresser que é casada e tem uma mulher que o aceita e ajuda, jamais pode desaparecer. É uma balança que deve estar sempre bem ajustada.

Quando e como você percebeu que o seu lado feminino era forte?
Nossa, aí vai um textão ( rs ). Como toda e qualquer cd, comecei a sentir atração pelo mundo feminino desde criança. Com exatidão, me montei pela primeira vez com 06 anos quando tive a oportunidade/curiosidade/vontade de usar umas roupas da minha mãe que estavam num monte de roupas limpas para passar, em cima da cama. Antes disso já havia experimentado uma daquelas sandálias de criança, minha tia fez eu provar para ver se daria em uma prima minha da mesma idade. Era uma daquelas melissas bem cafona da década de 90 ( rs ). Depois disso virou algo rotineiro, usava escondida no banheiro quando ia tomar banho ou algo mais elaborado, quando arranjava uma desculpa para ficar em casa sozinha e usava com as sandálias da minha mãe, que davam no pé até os 10 ou 12 anos. Depois disso só usaria salto 10 anos depois, quando eu conseguiria morar sozinha e ter minhas próprias coisas. Detalhe que eu morava em cima da casa  dos meus avós e eles nunca maldaram o barulho de salto em cima deles, sendo que só havia eu em casa ( kkkkk ). Há uma pausa no crossdressing na minha vida. Com 16 anos, eu finalmente estava conseguindo deixar meu cabelo crescer quando conheci uma menina que vim a namorar. Ela era evangélica e me convenceu a cortar o cabelo e também a me converter. De 2008 a 2011 não usei absolutamente nada. Frequentava a igreja, ouvindo tudo aquilo que já sabemos contra o mundo LGBT e eu só posso resumir em uma sensação: agonia. Não há outra descrição. Era algo que me sufocava por dentro. Ir para os cultos e não conseguir prestar atenção em outra coisa a não ser nas roupas,maquiagens e sandálias das meninas na igreja. Até que um dia falou mais alto que eu e voltei a usar tudo o que queria, na medida do possível e de maneira escondida. Como eu ainda ia aos cultos, muito peso na consciência e angústia.

Quanto você se considera feminina?
Essa é uma pergunta muito difícil de responder. Há semanas em que estou 100% feminina, outras semanas em que estou com a feminilidade quase inexistente ( rs ). Mas, fazendo uma média, creio que sou uns 60 % feminina.

E o lado masculino é muito forte?
Pela profissão que exerço, o lado masculino está sempre ativo, sempre em alta. Mas há algumas coisas que o “sapo” não resisti como jogar um bom jogo de tiro ou de combate aéreo...( kkkk ). No meu fim de semana sempre há um tempo para jogar meu playstation ou para meu mais recente vício: um jogo online de combate de “tanques de guerra” ( rs ).

Outras pessoas sabem sobre o seu crossdressing? Se sim, como elas souberam e como reagiram?
A primeira pessoa que soube do meu lado cd foi uma amiga minha e ex vizinha. Eu tinha 15 anos e tinha saído com ela e mais uma menina. Compramos um vinho barato, me “embebedei” rápido e desabafei com ela ( rs ). Aceitou super bem e manteve segredo até hoje, creio que na verdade ela até tenha esquecido disso. Existiu mais umas amigas e aquela minha ex namorada que me fez cortar os cabelos, todas elas souberam da Lorraine. Todas guardam absoluto segredo. Há pouco tempo aconteceu o fato desagradável de minha ex esposa, por vingança, inveja ou amargura, fazer chegar ao conhecimento de pessoas do meu trabalho fotos minhas como Lorraine. Foi um período bastante peculiar, ao mesmo tempo que não fui vítima de preconceito ou de piadinhas degradantes, essas mesmas pessoas foram omissas quando podiam me ajudar com provas de quem tenha recebido as fotos da minha ex. Mas foram águas passadas e não há nada neste mundo que passe sem ser julgado,por Deus ou pelo destino, conforme a crença de cada um.

Tem alguma mulher que você admira e/ou se espelha?
 Mas é óbvio que existe ( rs). Minha mulher, eu me espelho nela em tudo. Amor e companheirismo a parte, ela é super elegante. Tem uma visão para roupas e maquiagens espetacular! Nosso gosto quase sempre bate para roupas e sapatos, sem contar que todas as suas roupas cabem em mim!( kkk )

Qual é a sua peça de roupa favorita e por quê?
Vestidos e saias. Porque homens não podem usar vestidos ou saias ( rs ). Acho muito feminino, muito bonito.

O que costuma fazer enquanto está montada?
De tudo. Desde faxina até umas saidinhas ( rs ). Ainda não saí na rua assim, devido ao fato das minhas fotos e pela minha profissão e todo o machismo que envolve seus regulamentos disciplinares. Quando saio é apenas dentro do carro para dar umas voltinhas. O que eu mais faço quando estou montada é JOGAR! ( kkkkk )

Já realizou ou pensa em realizar modificações no corpo? Se sim, quais?
Como eu já citei, vontade não falta … ( rs ) Mas não posso devido a minha profissão e ao fato de obscurecer a imagem de pai/marido.

Gostaria de deixar um recado para as outras meninas?
O que eu gostaria de dizer,principalmente para as cds casadas que ainda não confessaram seu lado mulher: FALEM! Não escondam por mais tempo, hoje em dia há muitos vídeos esclarecedores e textos em sites, tudo muito simples e didático. Vale a pena parar para conversar e desabafar, ser verdadeiro com sua mulher. Toda cd sabe que ficar sem se montar gera ansiedade, mal humor, nervosismo e isso tudo influencia no relacionamento do casal. Se sua mulher não te ama como você é, mesmo depois de anos dela sabendo que você não é gay, talvez ela não te mereça e nunca é tarde para recomeçar do zero. Para as que são solteiras e procuram uma mulher para compartilhar seu lado fêmea o segredo é simples mas exige coragem: Contar na primeira oportunidade e o mais cedo possível! Você sabe se poderá contar com a boa vontade dela antes de desabafar com piadinhas e indiretas. Lembre-se: Quando atingir seu objetivo e encontrar a mulher ideal,não deixe o homem desaparecer! Elas podem até concordar em viver com uma amiga AS VEZES mas NUNCA estar casada com outra mulher! Beijos a todas! =D

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Meninas respondem!! (02) com Cibele Masson

Conheci a Cibele Masson no Facebook e o pouco que pude conversar com ela foi o suficiente para ver a grande mulher que ela é! Fiquei muito feliz em poder compartilhar a história e sei que vocês irão gostar das respostas dela.

Cibele Masson
Esquerda: Primeira foto totalmente assumida
Direita: Cibele Masson atualmente

Como você se vê ou como se descreve?
Me vejo como uma mulher totalmente. Adoro quem sou. Assumi definitivamente meu lado feminino

Quando e como você percebeu que o seu lado feminino era forte?
Praticamente desde criança, mas foi na adolescência que realmente fui perceber que ser homem não tinha nada a ver comigo.

Quanto você se considera feminina?
Numa escala de 01 a 10. Com certeza 09

Mesmo após a transição, acha que ainda sobrou um pouco do lado masculino?
Sim, sobrou. Apesar do sexos com homens ser ótimo, ainda sinto uma forte atração por mulheres.

Tem alguma mulher que você admira e/ou se espelha?
Admiro todas as mulheres, mas não, não me espelho em nenhuma. Apenas sei que adoro estar sempre bem vestida.

Como foi tomar a decisão de partir para a transição?
Muito difícil. Fui casada por 16 anos com uma mulher e apenas após a separação e acompanhamento de uma psicóloga, tomei coragem e dei início a harmonização.

Como foi a reação das pessoas ao seu redor?
Algumas levaram um susto, mas, com exceção dos meus pais, me aceitaram até com naturalidade.

Qual é a sua peça de roupa favorita e por quê?
Legging. Me sinto muito gostosa nelas. E como tenho coxas grossas, ficam bem em mim.

Já realizou ou pensa em realizar modificações no corpo? Se sim, quais?
Sim, com a harmonização meu corpo ficou mais delicado. A gordura se distribui para algumas partes do meu corpo como deveria, minha pele está muito mais macia. Pelos, quase não tenho nenhum. Fiz lazer no rosto e a sombra da barba tbm desapareceu. Meu cabelo está comprido, mas ainda não chegou no comprimento que quero. Quanto aos hormônios,  hj apenas tomo perlutan uma vez por semana e finasterida de 4 mgs todos os dias para que os pelos não voltem a crescer.
Gostaria de fazer a vaginoplastia e colocar próteses nos seios. Infelizmente a primeira acredito que ficará apenas no sonho, mas, meus seios coloco no próximo ano em minhas férias.

Gostaria de deixar um recado para as outras meninas?
Apenas dizer que ser uma trans, não é uma decisão muito fácil. Enfrentamos preconceitos e julgamentos das pessoas. O mercado de trabalho tbm não nos aceita com facilidade, mas, se for isso que realmente queremos, nunca desistir. Comecei minha transição com 45 anos e hj, posso dizer com toda certeza, que sou muito feliz. Vivo sozinha, tenho minha profissão e minha casa, e sou realmente feliz

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Meninas respondem!! (01) com Melaine Aline

Recebi uma sugestão da amiga Danyela Sousa de realizar entrevistas com outras crossdressers aqui no blog e gostei muito!!!

Sendo assim, resolvi criar a série Meninas respondem!! e para começar essas entrevistas eu convidei minha amiga Melaine Aline! Por acaso ela foi a primeira crossdresser que eu conheci pessoalmente e já adianto que adorei ler todas as respostas dela.

Melaine Aline
Será que ela gosta de sapatos??
Como você se vê ou como se descreve?
Essa é a pergunta mais difícil de todas, ainda não tenho certeza 100% do que eu sou... mas me considero uma crossdresser genuína, pois amo meus dois lados... porém sempre fica uma dúvida, lá no fundo, se eu não gostaria de viver 100% como mulher.
Minha paixão são os saltos altos, gosto tanto que tenho uma coleção enorme, mas também amo vestidos de festas... maquiagem eu confesso que é meu ponto fraco, preciso aprender muito sobre isso, mas sou extremamente preguiçosa, não é a toa que minhas fotos deixam a desejar, principalmente nesse quesito... rs.

Quando e como começou o seu crossdressing?
Minha lembrança mais antiga, foi na faixa dos 4 anos de idade, quando eu era apaixonada por um sapatinho da minha irmã mais velha. Aproveitei que ela não estava em casa, e o coloquei escondido dentro do armário, e fiquei lá um tempão, foi quando meus pais começaram a me procurar, tentei me esconder pra não tirar, mas o resultado é que eles me flagaram. Não sei ao certo a consequência disso, mas desde então, sempre que tinha uma oportunidade, vestia os sapatos delas, e ao crescer, sempre dei um jeito de usar os sapatos/vestidinhos das irmãs, da minha mãe e até das tias... mas eu cresci e eles não serviam mais em mim, sofria bastante com isso, até que aos 16 anos comprei meu primeiro par... era um scarpin preto, feio para a atualidade, mas foi minha primeira paixão.... kkkkkkkk. A partir de 18 anos comecei a fazer montagens completas, e aos 20 anos fiz minha primeira maquiagem. Aos 25 anos conheci minha atual esposa, e durante o namoro tive alguns “vai e vem”, e cheguei a jogar fora algumas coisas, e até fiz promessas a mim mesma de largar o crossdressing, mas claro que não cumpri... até chegar ao ponto de “me assumir” pra ela, que aceitou com várias ressalvas, e então nos casamos...

Quanto você se considera feminina?
Eu me considero muito pouco feminina, não acho que minhas produções sejam muito boas, mas me sinto muito bem com o pouco que consigo fazer. O fato da vós não ser feminina me atrapalha muito, pois as vezes passo despercebida em público, mas a vós nos entrega facilmente, então isso as vezes me desanima um pouco. Tenho trabalhado bastante meus “trejeitos”, e acredito que estou num nível intermediário de feminilidade... quero evoluir muito mais ainda...

E o lado masculino é muito forte?
Infelizmente é muito forte sim... fiz muitos esportes a vida inteira, então meu corpo é muito masculino, e também gosto muito de “coisas masculinas”, como carros, motos, pescar, colecionar, festar, beber, etc... e acho que isso nunca vai “sair de mim”... rs.

Tem alguma mulher que você admira e/ou se espelha?
Tem sim, minha musa é a Bruna Marquezine, acho ela a mulher mais linda do mundo, super feminina, se veste exatamente da forma que eu gostaria de me vestir, o corpo, cabelo, sorriso, etc... é tudo o que eu gostaria pra mim. Gosto muito da Sandy também, por anos sonhava em me casar com ela (kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, até o infinito). E claro, minha esposa... ela é linda, feminina, ama saltos, além de várias outras qualidades, me espelho muito nela para escolher meus looks e melhorar meus trejeitos... :)

Outras pessoas sabem sobre o seu crossdressing?
Tem apenas 4 pessoas que sabem disso, minha esposa, um casal de amigos gays, e um amigo de juventude que agora é uma travesti... fora isso, só mesmo pessoas do nosso meio. Como vou a muitos encontros, conheço muitas cross/trans... e amo isso. Mas penso todos os dias em contar pra todo mundo... (óbvio que isso não vai acontecer né... rs).

Se sim, como elas souberam e como reagiram?
Meu amigo de juventude foi engraçado, pois ele soube justo no dia que veio me contar que iria virar Trans... foi quando contei dos meus costumes, e nos assustamos, pois fomos amigos por mais de 10 anos, e nenhum suspeitou do outro (rs). O casal de amigos gays foi muito normal, pois eles têm contato com várias pessoas assim, então até ajudaram em algumas coisas. Já minha esposa foi muito traumático... e até hoje, 12 anos depois de contar a ela, ainda tem fazes de aceitar e rejeitar isso tudo... mas não posso reclamar.

Qual é a sua peça de roupa favorita e por quê?
Com certeza são os saltos altos, não sei ao certo porque, mas deve ser devido ao caso de infância que contei, onde eu era vidrada no sapatinho da minha irmã mais velha. E gosto porque qualquer uma fica mais elegante em cima de um salto, a postura fica mais bonita, a passada mais elegante e feminina, a roupa precisa estar de acordo com o salto, o barulho que faz ao pisar... Enfim... salto é tudo de bom... =)

O que costuma fazer enquanto está montada?
Tirar fotos... kkkkkkkkkkkkkk. Fico na frente do espelho tirando centenas de fotos... aí baixo tudo no computador e fico escolhendo as melhores para postar no facebook... o fato de compartilhar com as amigas, é muito bom pra mim... parece que tiro um peso das costas, então as vezes eu passo até como metida, mas na verdade é só meu “plano de fuga” para “aflorar” minha feminilidade...
Mas o melhor a se fazer é sair em público, quando dá vontade, saio mesmo, coloco uma roupa um pouco mais discreta, um salto “baixo” (10cm pra mim é praticamente uma rasteirinha... rs), me maquio o melhor que posso, coloco um óculos escuro, e saio na rua, pra todo lado... ando nas ruas, vou em shoppings, lojas, cinema, banco, etc... aí sim, todos os meus melhores sentimentos são extravasados... ainda tem muita coisa que quero fazer, como ir a mercado e restaurantes, baladas, etc... mas por enquanto está ótimo assim.

Pensa em fazer modificações no seu corpo? Se sim, quais?
Penso sim.... algumas já estou fazendo, outras vou fazer em breve, algumas é provável no futuro, e outras ficará só no sonho (rs)... vou separar em partes.
Em andamento - estou tentando deixar meu corpo mais feminino, como emagrecer pra perder um pouquinho de barriga, e diminuir a musculatura evitando serviços pesados; estou deixando meu cabelo crescer (estou amando); minha unha já é relativamente comprida; e nunca mais deixei os pelos da perna/axilas/peito crescerem.
Farei em breve - quero furar as orelhas, delinear mais minha sobrancelha e fazer laser nos pelos do rosto (tenho muito pouco, e tudo falhado, o laser só irá me ajudar).
Farei no futuro – o que menos gosto no meu corpo é não ter quadril... glúteos eu não posso reclamar, mas ter que colocar “enchimentos” para disfarçar a falta de quadril me incomoda muito, e creio que isso não irá atrapalhar meu lado masculino, mas o problema é fazer isso da forma correta e segura, sem riscos, por isso ainda não fiz.
Gostaria de fazer, mas provavelmente nunca farei – Hormonização, colocar seios e a cirurgia de readequação de gênero (esse último é o mais improvável, já os outros nunca se sabe né... rs)

Gostaria de deixar um recado para as outras meninas?
Gostaria sim, e creio que isso é a parte mais importante dessa entrevista. Antes de mais nada agradecer por ser a primeira entrevistada, é uma honra pra mim, e já estou querendo ver as próximas...
Meu recado é o seguinte... O PRECONCEITO NÃO VEM DOS OUTROS, MAS DE NÓS MESMAS... e todo o meu sofrimento do passado, foi por isso, por não aceitar quem eu sou e tentar mudar isso... não se muda isso, não adianta... então pare de lutar contra isso, e vá em busca de seus sonhos... hoje a informação é muito fácil, então procure saber o que você é e onde quer chegar, comece a ver quem realmente importa em sua vida, valorizando os mais importante e descartando os que não tem importância. Só assim você será feliz, e realizará seus sonhos. Para mim, o que eu mais queria, era provar roupas nas lojas, lutei contra isso a vida toda, e hoje chego lá, pego tudo o que eu quero, vou no vestiário, provo tudo e até peço sugestão das vendedoras, e nunca sofri preconceito por isso... veja só... fiquei anos sonhando com isso, e no fim não tinha nada demais. Não sei o que cada uma de vocês deseja... mas o recado é simples, não demore muito para fazer, pois ninguém sabe o dia de amanhã.
Beijo a todas.... amo minha vida (as duas... kkkkk).