A história de um poema medieval sobre como se tornar seu verdadeiro gênero.
Representação de mulheres na Hagadá de Sarajevo, manuscrito em pergaminho do século XIV, Espanha. |
Traduzido de Crossdreamers
Muitos de vocês devem ter se deparado com o seguinte argumento no debate sobre a vivência transgênero: como o crossdressing e as identidades transgênero são construções sociais, é provável que isso seja fruto da sociedade capitalista moderna, do patriarcado ou de algo igualmente sinistro – uma linha de argumento que provavelmente levará a uma discussão limitada sobre sexualização e fetiches.
Essa impressão é reforçada pelo fato de historiadores e estudiosos da arte terem a tendência de ignorar – ou censurar abertamente – as vozes de pessoas com variantes de gênero de outras culturas e épocas.
Como comentei em meu artigo sobre o Kama Sutra, até recentemente todas as traduções para o inglês desse trabalho pulavam a parte sobre mulheres heterossexuais dominando homens heterossexuais, provavelmente porque era considerado algum tipo de ameaça à ordem mundial ou algo aparentemente impossível de entender.
Portanto, é necessário muito estudo e trabalho neste campo. Estou confiante de que, se procurarmos, encontraremos crossdressers e transgêneros em todas as culturas e em todas as épocas. Suas vidas serão expressas de maneiras diferentes de acordo com a linguagem local e a estrutura cultural (como são hoje), mas terão algo em comum: um desejo ou uma necessidade de expressar ou ser reconhecido como seu verdadeiro gênero ou como uma mistura dos dois.